sábado, 28 de maio de 2011

Monsenhor Francisco de Assis Feitosa – por Heitor Feitosa Macêdo


Francisco de Assis Feitosa, conhecido popularmente como Monsenhor Assis, nasceu na freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Cococi, em Tauá, no sertão cearense dos Inhamuns, em seis de abril de 1893, tendo como progenitores: o tenente Emiliano Ferreira Ferro (filho do major Manoel Ferreira Ferro e Josefina Felizpátria Ferreira Ferro) e Epiphânia Estephânia Bandeira Ferrer (filha do capitão Salústio Tertuliano Bandeira Ferrer e Felismina de Matos Ferrer). Epiphânia, não era Feitosa, mas descendia de aristocrática família pernambucana e de “ingleses" ou "franceses”, segundo a tradição.

De acordo com o Tratado Genealógico da Família Feitosa (Leonardo, 1985:145), Monsenhor Assis foi o oitavo filho da decúria prole, apesar de outros sete irmãos terem falecido em tenra idade. De certo, rompeu os anos da puerícia na Fazenda Saco Virgem, avoenga herança de seu pai. Até que migrou para a cidade de Fortaleza a fim de firmar o voto eclesiástico no Seminário Episcopal do Ceará. Apesar de o Seminário São José, em Crato, ser contíguo aos Inhamuns, por conta de um surto de varíola fechou suas portas inúmeras e alternadas vezes, destarte, encerrou suas atividades pela primeira vez em 1877 até que em 1922 funcionou plenamente (O Levita, n°11).

Por isso, Francisco segue para o seminário de Fortaleza, segundo Irineu Pinheiro, em Efemérides do Cariri (1963:167): “dia sete de julho de 1909”; data em que consta estar matriculado em tal instituição sob o número 1244 (Álbum Histórico do Seminário Episcopal do Ceará, p. 222). Depois de concluir os estudos teológicos, vai para o Crato na condição de diácono. Na mesma urbe, foi lente e diretor interno do Colégio Diocesano (1917-1918), quando em 30 de novembro de 1917 ordena-se padre na capela do Seminário do Crato. Nesta ocasião fez-se presente o primeiro bispo da diocese caririense, D. Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, com quem estabeleceu fortes laços de amizade.

Em Tauá, como vigário, é nomeado, por D. Quintino, no dia 5 e empossado a 12 de Março de 1919, com a posterior exoneração em 13 de Fevereiro de 1921. Por conseguinte, retorna ao Crato, sendo nomeado Cura da Catedral do Crato a 8 de Janeiro e empossado a 12 de Março de 1921, ademais, exerceu o cargo de Pároco da Freguesia de Nossa Senhora da Penha até a data de sua morte em 30 de abril de 1952, sendo este o mais longo governo desta divisão territorial da diocese cratense. No dia 18 de Janeiro de 1926 recebe o título de Monsenhor. Também, foi conselheiro de D. Quintino e do segundo bispo do Crato, D. Francisco de Assis Pires. Ainda, foi sócio fundador do Hospital São Francisco, onde desempenhou a função de provedor a partir do ano de 1937, quando em 1944 deixa o cargo para perfazer o conselho permanente do mesmo. No mais, orientou prudentemente a respeito da ditadura e da seca de 1932, pois nesta, campos de concentração entre Crato e Juazeiro mantinham os desvalidos e famélicos, migrados de diversas regiões do Nordeste.

No ofício sagrado, fundou mais de quarenta associações religiosas. Deste modo, foi reconhecido pela Instituição Católica como: “um dos nossos parochos mais trabalhadores. Possuidor de um bello talento e de uma bondade de coração notável, o padre Assis tem conquistado, no seio da sociedade cratense, sympathias radicadas e grande admiração pelo seu proceder modelar” (Álbum do Seminário do Crato, P. 178).

Nos anos em que viveu na “Princesa do Cariri”, residiu na casa paroquial, ao lado da igreja matriz de Nossa Senhora da Penha, junto a sua mãe e aos sobrinhos, vindos também das plagas inhamunsenses. Destes, muitos deitaram raízes na cidade do Crato, e, alguns até mesmo, administravam-lhe os bens, gados e propriedades rurais, que não eram poucos, porquanto, todos os seus inúmeros sobrinhos herdaram algum dos seus haveres.

Monsenhor Assis, quando do seu falecimento, encontrava-se em João Pessoa (PB), com afã de tratar da saúde, na avenida Tambaú, hospedado na casa de um amigo, o esculápio Nelson Queiroz Carreira. Expirou no quarto em que dormia, provavelmente de infarto do miocárdio, em 30 de abril de 1952. Um de seus sobrinhos buscou-o, sendo que seu corpo foi sepultado no Cemitério Municipal do Crato a 1° de maio, ao lado de sua finada mãe. Sobre este acontecimento diz J. Lindemberg de Aquino em Roteiro Biográfico das Ruas do Crato (1969:35): “Modestíssimo, era o exemplo da pobreza, da humildade, da bondade em pessoa, onde se fundiam todas as excelentes qualidades de espírito e de coração (...) O seu sepultamento foi verdadeira consagração humana, ferindo a cidade de uma dor inconsolável pela perda daquele que lhe deu tanto de sua bondade e do seu exemplo”.

Ainda hoje, a inolvidável presença de Francisco é verberada pelos vetustos indivíduos que o conheceram. Instam os indeléveis predicados dispensados ao Monsenhor. Freqüentemente palra-se sobre a sua extrema lhaneza para com os pobres, a polidez no trato, a sua beleza física, sua retidão moral, o inexorável compromisso com a religião, dentre outros altaneiros elogios.

Mons. Assis Feitosa é o segundo, da esquerda p/ direita. na ocasião do velório de sua irmã, Maria de Santana Ferrer Feitosa. O outro, também de batina, é o historiador Padre Antônio Gomes de Araújo, irmão do esposo de Maria de Santana.

Autor: Heitor Feitosa Macêdo

2 comentários:

  1. Mons. Assis foi celebrante em Ponta da Serra, durante todo o seu paroquiato em Crato, e é nome de rua, na sede do Distrito

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  2. É verdade, caro Antônio! Ele palmilhava toda essa região, fazendo muitos amigos. É bem peculiar um episódio ocorrido com ele ao atravessar o rio Carás, durante a cheia deste, vendo-se impossibilitado, o transpusera com a ajuda do pitoresco Cirilo Grude, ao qual o Monsenhor, logo após, ofereceu-lhe certa quantia para que comprasse roupas novas. Cirilo, apesar de mal trapilho, possuía remediados bens, por isso negou-se a aceitar a oferenda do Mons., tirando o chapéu da cabeça, retorquiu, dizendo ter bastante dinheiro, e que se vestia daquela forma por gosto.

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