sábado, 24 de setembro de 2022

Um dos grandes historiadores do Cariri: Irineu Pinheiro – por Armando Lopes Rafael (*)



     Nascido em 6 de janeiro de 1881, em Crato, Irineu Nogueira Pinheiro é considerado um dos mais respeitados e produtivos intelectuais do Cariri. Estudou em Crato (Seminário São José), Fortaleza, Recife e no Rio de Janeiro, cidade onde concluiu o curso de medicina, na turma de 1910.

     Estudioso da História, foi “o maior pesquisador dos “fastos” regionais”, na feliz expressão do Dr. Raimundo de Oliveira Borges. Deixou vários livros publicados, dentre eles: “Um Caso de Dexiocardia”, “O Juazeiro do Padre Cícero e a Revolução de 1914”, “José Pereira Filgueiras”, “Joaquim Pinto Madeira”, “Cidade do Crato”, “Morte do Capitão J. da Penha”, “O Cariri” e “Efemérides do Cariri”. Foi um dos fundadores e primeiro presidente do Instituto Cultural do Cariri.

      Foi Inspetor Federal do Colégio Diocesano; professor do Seminário São José; Sócio-Correspondente da Academia Cearense de Letras e do Instituto do Ceará.  Colaborou com os jornais de Fortaleza e com os periódicos de Crato (“A Região”, “Correio do Cariry” e “A Ação”, dentre outros). Teve intensa participação nos movimentos que trouxeram progresso para sua cidade natal, sendo fundador e primeiro presidente do Rotary Clube de Crato e Presidente do Banco do Cariry, a primeira instituição de crédito do interior cearense, fundada por Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva.

        Faleceu, em 21 de maio de 1954, na cidade de Crato, vítima de colapso cardíaco, enquanto – com a caneta à mão –  escrevia a um amigo de Fortaleza sobre o último livro que produziu: “Efemérides do Cariri”.

(*) Armando Lopes Rafael, historiador.

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Mais uma frase infeliz -- por Humberto Mendonça (Empresário)

 

   O candidato Luiz Inácio da Silva Lula (PT), dentre tantas falas infelizes – que vem proferindo ao longo da campanha eleitoral de 2022 – disse esta lamentável frase: “Se eu for  eleito, determinarei que as Forças Armadas façam “coisas mais dignas”. Essa fala ocorreu em um encontro de Lula com lideranças de cooperativas, em São Paulo.   Talvez a sua inovação “ser mais dignas” seja promover generais de sua confiança. Seguindo o conselho de Zé Dirceu que chegou a dizer: se ele (Lula) tivesse tomado meu conselho ainda hoje estávamos do poder.  

   Lamentável. Profundamente lamentável, que um aspirante ao mais alto cargo da República considere indignas as atuais e louváveis ações das nossas Forças Armadas. E desconheça que Constituição Federal de 1988 (que instituiu, na República Federativa Brasileira o Estado Democrático de Direito) possui um capítulo específico para tratar das “Forças Armadas”. Estas, destinam-se a defender a Pátria e garantir os poderes constitucionais, a ordem e a lei.

     Sou do tempo em que pessoas, de todos os níveis, conheciam o valor e o papel das Forças Armadas na vida nacional. Tínhamos profundo respeito pelo Exército Brasileiro, presente nas cidades de porte médio através dos chamados “Tiros de Guerra”. Prestei serviço militar no Tiro de Guerra de Juazeiro do Norte. E lá assimilei uma formação cívica que trago até os dias de hoje e a transmito aos filhos e netos.

   Além de garantir a soberania do nosso país, o Exército Brasileiro espalha seus Batalhões de Construção de Estradas e obras públicas no vasto interior da nossa Pátria. O que faz com lisura e honestidade inquestionáveis. Promove campanhas sociais, leva alimentos e faz serviços de atendimento médico nas localidades mais longíncuas da Amazônia. Mantém Academias, Institutos e colégios militares espalhados por todo pais, formando gerações de homens e mulheres que continuam dignificando a nação e prestam exemplar serviço ao Brasil, em muitos setores, incluindo a vida pública.

     Preocupa-me, a possibilidade de um candidato, que não tenha o devido preparo, vir a ocupar a Presidência da República. E,  se isso viesse a acontecer, poderíamos caminhar a passos largos para o Brasil virar outra Venezuela. Ou enveredar pelos descaminhos de  nações vizinhas, a exemplo da Argentina. Esses dois países citados – para ficar apenas neles – estão com a economia em frangalhos, com altíssima inflação, uma crise humanitária nunca vista, onde a população já começa a emigrar para nações vizinhas, fugindo da  fome, da falta de liberdade, do colapso da produção, da crise na segurança e saúde pública, dentre outras.

    Bom seria que as nossas lideranças políticas se inspirassem nas  nossas Forças Armadas do passado, que fizeram história tanto no Brasil Império, como no Brasil Republicano. E respeitando nossas Forças Armadas de hoje, reconhecessem a contribuição delas – antes e agora – para garantir a unidade e a grandeza do Brasil; o compromisso delas para com os valores mais nobres da Pátria e com a sociedade brasileira; não descuidando dos anseios de tranquilidade, estabilidade e desenvolvimento, e, sobretudo, com os valores democráticos que, há mais de 30 anos, norteiam a nossa Constituição Federal, desrespeitada, como atualmente, por quem devia ser de verdade seu guardião. 


quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Monsenhor Montenegro – por José Emerson Monteiro Lacerda (*)

 

   Certo momento eu revi na memória alguns traços do Monsenhor Francisco de Holanda Montenegro, diretor do Colégio Diocesano do Crato, onde estudei por sete anos. Personalidade forte, ele marcou gerações e gerações durante mais de 50 anos de sua administração, nesse que foi um dos destacados educandários do interior cearense no século XX.

   Vieram lembranças de duas ocasiões, quando, numa delas, fomos visitar, em Juazeiro do Norte, o Colégio Salesiano e lá conheci Padre Gino Moratelli, um sacerdote próximo ao monsenhor. Nessa visita, presenciamos Padre Gino a demonstrar uma prática de localizar veios de água com a utilização de um gancho de arbusto verde que, pressionado entre pelas duas mãos, se move ao chegar sobre o ponto indicado a cavar e achar um filão de água. Técnica da radiestesia, depois presenciei, em Crato, praticada por Antônio Hélder (Pirita), meu primo, que assim indica poços e cacimbas, tendo realizado esse mister com sucesso em mais de 100 oportunidades. 

   Padre Gino, italiano dotado de boa desenvoltura na Língua Portuguesa, nos proporcionou momentos agradáveis a trazer assuntos vários, o que ainda agora permitem reviver a chance daquela hora.
Doutra vez, isto na sacada do Colégio Diocesano, Monsenhor Montenegro me convidaria a estar próximo dele assistindo ao desfile cívico do Sete de Setembro, ao lado do qual também estaria o destacado historiógrafo cearense Gustavo Barroso, de quem leria posteriormente algumas de suas obras. Este momento também marcou bem a minha ligação com Monsenhor Montenegro, sacerdote carismático, verdadeiro apóstolo da educação no Ceará. Filho de Jucás, município do centro do Estado, viera residir em Crato desde a ordenação, aqui desenvolvendo o seu magistério com excepcionalidade no colégio fundado pelo Padre Francisco Pita no princípio do século.

    Outras lembranças que guardo dele foram as vezes em que nos avistávamos nas viagens da Rio Negro, nas suas idas a Fortaleza a compor o Conselho Estadual de Educação, após aposentado da Direção do Diocesano. Eis, pois, uma figura exemplar que influenciou quantos vivenciaram o seu empenho em formar a nossa juventude por décadas e décadas.


(*) José Emerson Monteiro Lacerda. Advogado e escritor.