domingo, 23 de abril de 2023

Amanhã, 24 de abril, é a festa de São Fidelis de Sigmaringa, Co-Padroeiro de Crato – por Armando Lopes Rafael

 

Na Capela do Santíssimo, na Catedral de Crato, existe um belo vitral, com as figuras de Nossa Senhora, Mãe do Belo Amor e São Fidelis de Sigmaringa, Co-Padroeiro de Crato desde o inicio da humilde capelinha de taipa, construída em 1740, por Frei Carlos de Ferrara

      Todo mundo sabe que Nossa Senhora da Penha é a padroeira principal da cidade de Crato. No entanto, nem todos sabem que Crato também tem um co-padroeiro. Trata-se de São Fidelis de Sigmaringa, o qual,  antes de adotar este nome para se tornar franciscano capuchinho, era conhecido advogado com o nome civil de Marcos Rey. São Fidelis foi escolhido pelo fundador de Crato – Frei Carlos Maria de Ferrara, há 283 anos – como co-padroeiro da primitiva capelinha de taipa, coberta de palha, erguida em 1740 no centro da então Missão do Miranda, embrião da atual cidade de Crato.

   Na Sé Catedral de Nossa Senhora da Penha foi iniciado–  no último dia 21 de abril – um Tríduo para festejar São Fidelis de Sigmaringa. Louve-se o zelo da equipe da Catedral, que nessa iniciativa, obteve êxito além do esperado. Que essa tradição – ora iniciada –  seja ainda maior no próximo ano de 2024, quando se completa o quarto século  (400 anos) do martírio de São Fidelis de Sigmaringa. Quem sabe, em 2024, já tenhamos uma imagem de São Fidelis na nossa icônica catedral?

Quem foi São Fidelis

    Segundo seu biografo Afonso Souza: “Inteligente e aplicado, Marcos Rey fez com sucesso seus estudos na católica Universidade de Friburgo, na Suíça. De elevada estatura, bela presença, semblante sério e sereno, Marcos era respeitado pelos professores e admirado pelos condiscípulos que, por sua ciência e virtude cognominaram-no de o Filósofo Cristão”.

   Ainda segundo o seu biografo: “Como em tudo brilhante, em breve adquiriu fama e clientela. O Dr. Marcos Rey, no entanto, preferia as causas dos pobres às dos ricos, para poder defendê-los gratuitamente. Em suas defesas, jamais utilizou recurso algum que pudesse tisnar a honra da parte contrária”. Entretanto, Marcos Rey decepcionou-se com a advocacia e decidiu a abandoná-la, ingressando na ordem franciscana. Percorreu a Espanha, França, Itália convertendo multidões e passou a ser perseguido pelos radicais protestantes.

   Foi à sombra do castelo de Sigmaringa, às margens do Rio Danúbio, na Alemanha, que Frei Fidelis encontrou refúgio, quando perseguido. Mas no dia 24 de abril de 1622, após celebrar uma missa, de volta ao castelo caiu nas mãos de soldados protestantes que o assassinaram. Foi beatificado em 1729, e canonizado 17 anos depois. O Vaticano o escolheu como o Protomártir da Sagrada Congregação da Propaganda Fidei.

   Salve São Fidelis de Sigmaringa, Co-Padroeiro de Crato!

Mais uma barbaridade da atual república brasileira: Nota sobre a recente revogação da Ordem do Mérito Princesa Isabel

 

Abaixo, divulgada pelo Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, atual Chefe da Casa Imperial  Brasileira:

   No último dia 3 de abril, o Diário Oficial da União publicou o Decreto nº 11.463, assinado em 31 de março de 2023 pelo atual Presidente da República, que em seu art. 4º assim dispõe: “Fica revogado o Decreto nº 11.277, de 8 de dezembro de 2022”.

   O Decreto revogado criara a Ordem do Mérito Princesa Isabel, destinada a honrar aqueles “que tenham prestado notáveis serviços, em âmbito nacional ou internacional, relacionados com a proteção dos direitos humanos e oatendimento e a assistência aos públicos-alvo do Ministério da Mulher, da
Família e dos Direitos Humanos”.

   A supressão de honrarias não é novidade no Brasil republicano. A Constituição de 1891, em seu art. 72, § 2º, já havia proclamado a extinção de todas as Ordens honoríficas então existentes, o que, como se sabe, não impediu que a República viesse a criar suas próprias Ordens, atendendo à necessidade inafastável de toda e qualquer sociedade de recompensar os bons préstimos de seus membros.

   O que chama a atenção no recente decreto é o quanto ele revela do incômodo que a memória de nossa veneranda bisavó, a Princesa Dona Isabel, provoca no governo de turno.

   É de conhecimento geral que a Princesa Dona Isabel foi uma abolicionista ao longo de toda a sua vida. As ligações dela com o movimento abolicionista eram estreitas. Todos os filhos dela foram por ela educados como abolicionistas. Não por acaso, duas das principais leis abolicionistas foram
por ela sancionadas na condição de Regente do Império: a Lei do Ventre Livre em 1871 e a Lei Áurea em 1888. Plenamente consciente de tudo quanto arriscava e que de fato veio a perder, ela teve a coragem de sacrificar seu trono por esse ideal.

   Os grandes líderes abolicionistas seus contemporâneos foram unânimes em reconhecer a sua importância para a causa da abolição e a nenhum deles ocorreu levantar as objeções hoje levantadas por alguns.

   Não cabe a um governo reescrever a história. A importância de cada um dos heróis nacionais não é aumentada pela honra que os sucessivos detentores do poder lhe prestam, nem diminuída pela que um ou outro eventualmente lhe recusem.

   A memória dos heróis integra o patrimônio imaterial da Nação. Ao honrá-los adequadamente, os sucessivos governos cumprem um dever de justiça. Ao negar-lhes a honra de que são credores, faltam ao cumprimento desse dever e se tornam injustos.

   Se, passados cento e trinta e três anos do golpe republicano e cento e um anos de sua morte, a benfazeja memória de nossa bisavó continua a incomodar a República que a exilou, é evidente que as suas virtudes permanecem vivas no imaginário nacional, a contrastar com os vícios cada vez mais insuportáveis do atual regime.

   Eis uma amostra da grandeza da Princesa Dona Isabel: ao tomar conhecimento de que se realizava uma subscrição pública para a ereção de uma estátua na cidade do Rio de Janeiro, homenageando-a pela abolição da escravatura com o título de “A Redentora”, ela manifestou o desejo de que a estátua não fosse erigida em sua honra, e sim em honra d”O Redentor”, Nosso Senhor Jesus Cristo, no alto do Morro do Corcovado. É essa a origem do célebre monumento que recebeu da Unesco o galardão de “Patrimônio da Humanidade”.

   No próximo dia 13 de maio, data em que se comemorarão os cento e trinta e cinco anos da assinatura da Lei Áurea, nós, que a sucedemos na Chefia da Casa Imperial, inspirados por seu exemplo,   faremos aos pés da imagem do Cristo Redentor um Ato de Consagração do Brasil ao Sagrado Coração de Jesus, implorando as bênçãos de Deus para a nossa Pátria.

São Paulo, 13 de abril de 2023
Dom Bertrand de Orleans e Bragança
Chefe da Casa Imperial do Brasil