“Ó Virgem Senhora de Fátima, a cidade de Crato, prostrada aos vossos pés, crê e espera, deseja e implora a realização de vossa grande promessa: Por fim, o Imaculado Coração Triunfará!
E nós, enquanto Prefeito deste povo fiel, em união com o Santo Padre o Papa João Paulo II, com o nosso Bispo Dom Newton Holanda Gurgel, e todo o clero, aclamamos desde já este triunfo, que fará raiar no mundo o Reinado de vosso Divino Filho, Cristo Jesus, nosso Redentor.
E, ao mesmo tempo, suplicamos a graça de sermos instrumentos em vossas mãos para edificação deste Reinado, que só será verdadeiramente de Jesus, se for inteiramente vosso! Sois Vós, Senhora, a Estrela da Esperança e a Aurora do Terceiro Milênio. Foi por Vós que Nosso Senhor Jesus Cristo veio ao mundo, e será por Vós que ele reinará no mundo.
E nós, vossos filhos de Crato queremos buscar em primeiro lugar este Reino, o Reino de Jesus em Vosso Imaculado Coração, bem certos de que todas as outras coisas nos serão dadas por acréscimo.
Para selar oficialmente este propósito, nos Vos consagramos – tanto quanto nos outorga nossa autoridade de representante civil deste povo católico – nós consagramos ao vosso Sapiencial e Imaculado Coração nossa cidade, com todas as suas famílias e instituições.
Aceitai, Senhora, esta consagração. Nós a depositamos em vosso Coração Imaculado, para assim nos consagrarmos mais santa e plenamente ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Divino Filho.
Assim seja.”
A emoção e o silêncio de todos os presentes dava a entender que Nossa Senhora tinha aceitado esta consagração e parecia dizer a cada coração: “Fiquem tranquilos. Por fim, meu Imaculado Coração triunfará.”
O significado de uma consagração
O interessante é que a cidade de Crato se antecipou em onze meses a uma decisão, adotada em novembro de 2000, pelo Papa João Paulo II, dedicando o terceiro milênio a Nossa Senhora! Mas, o que significa uma “consagração”? Utilizado as palavras de Maria Emmir Nogueira, co-fundadora da Comunidade Católica Shalom, podemos sintetizar assim.
“Em hebraico, a palavra Kadosh significa “santo, separado”. É um termo utilizado em referência a Deus, o único Santo. Para as pessoas “santificadas”, ou “separadas” para Deus, posse exclusiva de Deus, que chamamos “consagradas”, os judeus utilizam o termo Kiddushin, que se refere, entre outras coisas, à santificação pelo casamento, quando o noivo é separado, exclusivo para a noiva, e vice-versa, e ambos são separados para Deus. O mesmo termo é utilizado para o povo de Israel, povo “separado para Deus” através de uma aliança. A este povo Deus refere-se inúmeras vezes, do Gênesis ao Apocalipse, como “esposa”, “noiva”, “desposada”, amada (cfe. Ez 16; Os 2,42-5 e 3; Ap 22,17; Ef 5,25).
Desse modo, consagrar uma pessoa, um casal, um povo, um local (…) é torná-lo santificado, porque exclusivamente pertencente ao Santo, que é Deus”. (…) Quando nós católicos utilizamos a palavra “consagrar”, mantemos o mesmo sentido: “separar para Deus”, “tornar sagrado”, “tornar santo porque pertencente exclusivamente ao Santo que santifica tudo o que lhe pertence, tudo o que “toca”.
Assim, naquela singela iniciativa de 27 de janeiro de 2000, o Prefeito Moacir Soares de Siqueira – com a legítima autoridade de que estava investido – ao consagrar o Crato a Nossa Senhora de Fátima, separou para Deus esta cidade e seus moradores, oficializando-os – no âmbito civil – como propriedade da Virgem Santíssima. Esta, certamente, cuidará ainda com mais carinho e desvelo maternal, tanto da cidade como do seu povo, que já lhe pertenciam por desígnios de Deus, e cuja pertença foi ratificada por suas autoridades civis constituídas…