sábado, 23 de julho de 2022

Pessoas que marcaram o Cariri: Padre Antônio Gomes de Araújo -- por Armando Lopes Rafael(*)

 

Pe. Gomes, nos tempos iniciais do seu sacerdócio

    Nascido em Brejo Santo, em 6 de janeiro de 1900,  Padre Antônio Gomes de Araújo foi um dos grandes historiadores do Cariri. Aliás, ele dizia que não se considerava um historiador e sim um pesquisador. Viveu mais da metade de sua vida em Crato, mas, próximo da morte, retornou para sua cidade natal, onde faleceu em 26 de janeiro de 1989.  

   Em 1950, Pe. Gomes venceu um concurso na Bahia com a monografia “Formação da Gens Caririense”. Escreveu muitos opúsculos dentre os quais: “Naturalidade de Bárbara de Alencar” (1953); “Pe. Pedro Ribeiro da Silva–Fundador e Primeiro Capelão de Juazeiro do Norte” (1955); “Apostolado do Embuste” (1956); “1817 no Cariri” (1962); “Povoamento do Cariri” (1973). Em 1971, a Faculdade de Filosofia de Crato reuniu alguns de seus trabalhos no livro “A Cidade de Frei Carlos”.

     Padre Gomes era um sacerdote irrequieto e sem papas na língua. Dizia ele que se não tivesse sido ordenado sacerdote teria optado pela carreira militar. Colaborou, longos anos, com excelentes trabalhos de pesquisa, nas revistas “Itaytera”, “A Província” e “Hyhyté”, bem como no jornal “A Ação”, órgão oficial da Diocese de Crato. O semanário “A Ação” foi dirigido, durante alguns anos, pelo notável Monsenhor Pedro Rocha de Oliveira. Este mantinha uma coluna naquele periódico com o título “Alfinetadas”. Nessa coluna, Mons. Rocha fazia a defesa da doutrina católica e combatia implacavelmente as ideias socialistas/comunistas.

     Certo dia, ministrando uma aula de História do Brasil, no tradicional Colégio Diocesano de Crato, Pe. Gomes foi interrompido por uma pergunta de aluno:

   – “Padre, é pecado utilizar as folhas do jornal “A Ação” como papel higiênico? ”

Padre Gomes respondeu de chofre:

    – “É não! Livre-se das “Alfinetadas” de Monsenhor Rocha e faça bom uso”...

(*) Armando Lopes Rafael é historiador