terça-feira, 9 de abril de 2024

Hino Nacional Brasileiro, uma herança da Monarquia – por Armando Lopes Rafael


            Poucos sabem que o nosso Hino Nacional é também oriundo dos tempos imperiais. Ou seja, o mesmo hino ouvido ainda hoje, com todo respeito, por milhões de brasileiros remonta ao reinado de Dom Pedro I. Esse Hino era executado, à época da Monarquia, sem ter ainda uma letra. Conhecida apenas como “Marcha Imperial”, nosso Hino foi tocado nos campos de batalhas da Guerra do Paraguai. Depois desse conflito foi popularizado na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império do Brasil.

       Com o advento do golpe de estado que implantou a República dos Estados Unidos do Brasil (assim era o nome oficial do nosso país), no chamado “Governo Provisório” – dirigido pelo Marechal Deodoro da Fonseca – foi instituído um concurso para a adoção de um novo hino nacional. A ordem era (tentar) apagar tudo que restasse do Brasil-Império. Vivia-se os novos tempos republicanos e a propaganda oficial dizia que tudo iria melhorar; que o Brasil iria trilhar uma nova senda do progresso e de bem estar para a “brava gente brasileira” ... Quantas vezes, nos últimos 135 anos, vimos esse filme...

      Pois bem, na noite de 20 de janeiro de 1890, o Teatro Lírico do Rio de Janeiro estava superlotado, reunindo as mais destacadas personalidades da então capital brasileira, para conhecer o novo Hino Nacional. No camarote de honra, o velho Marechal Deodoro, àquela época já bastante decepcionado com alguns companheiros do golpe militar de 15 de novembro de 1889. O hino que obteve o primeiro lugar no concurso foi composto pelo maestro Leopoldo Miguez, com letra de Medeiros e Albuquerque. Na verdade, uma bonita peça (hoje chamada de “Hino da República”, que começa com o refrão: “Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”.

      Ao final da execução do hino, o Marechal Deodoro bateu o martelo e impôs:

– Prefiro o velho!

      Manda quem pode e obedece quem tem juízo, diz o dito popular! Foi quando ficou preservada para as gerações vindouras, a bela “Marcha Imperial”, o mesmo Hino Nacional Brasileiro de hoje, cujos primeiros acordes (“Ouviram do Ipiranga às margens plácidas/ De um povo heroico o brado retumbante”) nos enche de orgulho e nos faz reviver o pouco de patriotismo que ainda resta à “Pátria amada, Brasil".