quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Saudação feita a Dom Fernando Panico, pelo Pe. Acúrcio de Oliveira Barros, durante a missa comemorativa ao 70º aniversário natalício do Bispo de Crato, em 27 de dezembro de 2015

Deus da Vida e Misericordioso, neste dia em que celebramos a festa da Sagrada Família, não por coincidência, mas por providência, quiseste que celebrássemos a festa da vida do nosso amado pastor diocesano, D. Fernando Panico.
Pai amado, o que é ser pastor numa diocese?
Teu Filho Jesus nos ensinou que ser pastor em primeiro lugar é ser humano. Alguém que vive os mesmos dilemas que qualquer membro da comunidade cristã vivencia. É viver a vida com graça, mesmo quando as circunstâncias são adversas.
Ele nos ensinou que ser pastor é ter a consciência de que foi escolhido por Deus, para fazer parte do grupo que exerce o mais excelente ministério (1Tm 3.1) na Igreja. É fazer parte do grupo que desiste dos seus sonhos profissionais e de sua carreira para sonhar os sonhos que o Senhor traçou para sua própria vida.
Aprendemos que ser pastor é doar-se aos demais. É ser uma pessoa aberta e sempre acessível aos seus irmãos e também ao seu próximo. Isto implica muitas vezes ter que abdicar de horas de sono. É necessário em muitos casos, vencer o seu cansaço para poder ajudar alguém ou até mesmo ter uma palavra amiga para uma pessoa aflita ou alguém que está em sofrimento.
Ser pastor, ò Pai, é ser teu mensageiro. Anunciador da boa nova. É ser uma voz que clama com ousadia. Muitas vezes, a mensagem será dura, outras, promoverá conforto e consolo. Aprendemos com Jesus que ser pastor é ser voz testemunhada e nada, além disto.
Ser pastor é ser guia. O pastor segue o caminho antes dos demais. Orienta os seus irmãos e mostra-lhes qual o caminho que deve ser seguido. Isto significa que, enquanto todos estão em segurança, muitas vezes o pastor está a percorrer o pântano tenebroso para poder conduzir o rebanho ao qual serve em segurança (Sl 23.4). Ele não abandona os seus, está presente na hora da angústia a guiá-los em segurança.
Pai amado, Jesus nos ensinou, ainda, que ser pastor é chorar em silêncio. É sofrer sozinho. É ser alguém que tira forças de onde muitas vezes parece que já não existe nenhuma para poder fortalecer os que em sofrimento lhe procuram. É alegrar-se com os que se alegram, esperançar-se com os que tem esperança e chorar com os que choram (GS 1).
Isso mesmo, Deus de bondade, hoje nossa amada diocese de Crato. Celebra o dia do nascimento do seu pastor, ou melhor, do pai, do patriarca, do doutor na fé, do guardião do humanismo, daquele que é sinal da unidade na nossa Igreja Diocesana.
Ó glorioso e bom Senhor, aqui estamos nós, presbíteros da Igreja de Crato, em comunhão com o nosso pastor, que é o pai e nós os filhos, formamos uma família. Essa família hoje está em júbilo, rezando, louvando, bendizendo o teu nome, pela vida de D. Fernando. Mas ao mesmo tempo, Pai querido, queremos nos deixar interpelar pelo imperativo do amor. Na segunda leitura (Cl 3, 12-21) desta Eucaristia, vimos que a dimensão do amor deve brotar dos gestos de todos os que vivem “em Cristo” e aceitaram ser Homem Novo. Esse amor deve atingir, de forma mais especial, todos os que conosco partilham o espaço familiar deste presbitério, e deve traduzir-se em atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço, de obediência, de comunhão.
Pai do céu e da terra, nós presbíteros da Diocese de Crato, movidos pelo grande amor a D. Fernando, e estimulados pelo Jubileu da Misericórdia, queremos pedir-te perdão pelas vezes que, nós sacerdotes, não fomos fiéis à tua Palavra, pelas vezes que nos faltou humildade para vivermos aquela comunhão bíblica, de presbíteros em torno do nosso, D. Fernando Panico. Esse nosso pecado, Senhor, não é por ausência de amor, mas por negligência humana.
Por outro lado, o teu Filho unigênito, Jesus Bom Pastor, ensinou-nos a pedir perdão aos que ofendemos. Por isso, nesta oração de ação de graças, pelos 70 anos de vida de nosso pastor diocesano; pedimos, de joelhos: perdão, D. Fernando, pelas vezes que nossas atitudes, causaram-lhe dor e sofrimento. Repito, amado D. Fernando, não agimos por maldade, mas por fragilidade, perdoe-nos pelas nossas fraquezas de filhos.
Obrigado Senhor, pela vida de nosso caríssimo D. Fernando. Obrigado, Pai do céu, por teres nos presenteado um pastor-pai, que significa doação, resignação, oferenda, presteza, ternura, enfim, significa sabedoria no pastoreio.
Mãe da Penha, nós teus filhos, aos teus pés, rogamos, que tu como rainha dos apóstolos, continues concedendo, ao nosso pastor, a mística, de Jesus teu Filho, o Bom Pastor. Assim como ensinastes a Jesus os caminhos de Jerusalém, continues a ensinar a D. Fernando os caminhos da Jerusalém celeste que passa pelas periferias existenciais. E a nós, presbíteros, desta amada Diocese de Crato, ajuda-nos, ò Mãe Santíssima, a testemunharmos aquilo que tu nos ensinastes: humildade (Lc 1,48), obediência (Lc 1,38), confiança (Jo 2,5), abertura (Lc 2, 34), disponibilidade (Lc 1,39), fidelidade (Jo 19, 25) e interioridade (Lc 2, 19.51). Assim, Mãe da Penha, seremos, contigo, sempre mais, nesta igreja particular, um só rebanho e um só pastor. E será seguindo os teus passos e ensinamentos que encontraremos teu filho no meio dos homens, sobretudo dos pobres, dos humilhados e dos marginalizados.
Muito obrigado, Trindade Santa; muito obrigado nosso D. Fernando, pelo que o Sr. significa para nós. Parabéns pelos seus 70 anos. Aceite o nosso mais terno e filial abraço de filhos em júbilo pelo dom da sua vida!
Amém!!!