quarta-feira, 8 de junho de 2011

FIGURAS REPRSENTATIVAS DA VILA DO CRATO QUANDO PASSOU À CATEGORIA DE CIDADE EM 1853


Por Antonio Correia Lima *

Por me dedicar ao estudo genealógico da nossa região, e por dispor de um vasto material ( Casamentos, Batismos e óbitos)transcritos dos livros eclesiásticos da Freguesia do Crato, referentes ao século XIX, e início do XX, resolvi me utilizar desta relação com o objetivo de informar e colher mais dados sobre as figuras abaixo para que possa alimentar a nossa página na Internet – ALGUMAS FAMÍLIAS CARIRIENSES( http://algumasfamiliascaririenses.blogspot.com/).
Portanto, peço a colaboração no sentido de se identificar as figuras representativas aqui relacionadas .


01 – Capitão Mor Joaquim Antonio Bezerra de Menezes , Dep. Provincial, eleito em 1838;
02 –Cel. Luiz Alves Pequeno , Presidente da Câmara em 1853;
03 – Felipe Teles de Mendonça ;
04 – Pedro José Gonçalves da Silva;
05 – Joaquim de Araújo Candéia;
06 - Joaquim Lopes/ Raimundo do Bilhar;
07 – Joaquim Pedroso Bembém;
08 – Miguel Henrique Xavier de Oliveira, Dep. Provincial, eleito em 1842;
09 – José Francisco Pereira Maia, Dep. Provincial, eleito em 1838;
10 - Joaquim Romão Batista, pai do Padre Cícero;
11 - José Romão Norões;
12 – José Vitoriano Maciel, Dep. Provincial eleito em 1838;
13 – José Ferreira de Menezes;
14 – Francisco Lião da Franca Alencar, pai de Seu Nelson do Lameiro , e outros;
15 – José Esmeraldo da Silva, tronco da família Esmeraldo ;
16 – Antonio Ferreira de Mello;
17 - João Soares de Oliveira;
18 – Francisco Gomes de Matos;
19 – Antonio Ferreira Lima;
20 – Felismino Marques Peixoto, era o pai do Padre Peixoto;
21 – Antonio José de Carvalho;
22 – Francisco Lôbo de Macedo;
23 – Benedito da Silva Garrido;
24 – Laureno Briseno da Silva;
25 – José Antonio de Figueirêdo;
26 – Hildebrando Sisnando Batista;
27 – Joaquim Gomes de Mattos;
28 - Childerico Cícero de Alencar Araripe;
29 – Raimundo Gomes de Matos;
30 – José Germano Bezerra de Menezes;
31 – José Pinheiro Bezerra de Menezes;
32 – Antonio Duarte Pinheiro;
33 – Joaquim Saraiva;
34 – Manuel Pereira de Araújo Caçula;
35 – Joaquim Secundo Chaves;
36 – Antonio Ferreira Lôbo;
37 – Mariano de Oliveira e Souza;
38 – Jesuino Brizeno da Silva;
39 - Joaquim José de Santana Milfont;
40 – Joaquim Jácome Pequeno;
41 – José de Souza Rolim;
42 – Manuel Leite Xenofonte de Oliveira, tronco da família Xenofonte de Oliveira, do sítio Catingueira, em Ponta da Serra;
43 – João Vitoriano Gomes Leitão;
44 – Vicente Alves de Lima;
45 – Antonio Romão Batista;
46 – José Alves da Silva Bacurau;
47 - Joaquim Bezerra de Menezes;
48 – Leandro Bezerra de Menezes;
49 – Miguel Ferreira Nobre, tronco da família Ferreira Nobre do Baixio das Palmeirias;
50 – Manuel Lopes Abath;
51 – Miguel Bezerra Frazão;
52 – Domingo Lopes de Sena;
53 – Antonio Raimundo Brígido dos Santos, Dep. Provincial eleito em 1838;
54 – Antonio Teles de Mendonça;
55 – Francisco Dias Azêde e Melo;
56 – Adriano Pinheiro Lamdim;
57 - José do Monte Furtado;
58 – Ricardo José de Araújo Vilar, tronco da família Vilar, tendo sido proprietário do sítio Patos, em Ponta da Serra, e outros;
59 – Eufrásio Alves de Brito( Major) um dos troncos da família Brito/Macário, da Malhada, onde foi proprietário, tendo sido, também, dono do sítio Ponta da Serra. Era Senhor dono de escravos;
60 – Antonio Brito Correia, era irmão do Major Eufrásio, e dele descendem os Brito da Palmeirinha e do sítio Juá. Era Senhor dono de escravos;
61 –– Francisco José de Brito, (Yoyô de Brito) pai do Cel Chico de Brito, e avô de Francisco José , repórter da TV Globo, proprietário do Sítio São Bento, à época. Era um dos troncos da família Brito da Malhada;
62 – Antonio Francelino Correia;
63 – Joaquim Francelino da Cunha;
64 – Leandro de Melo Chaves, Dr. Dep. Provincial eleito em 1858, depois Dep. Geral.

PADRES EXISTENTES NA VILA DO CRATO EM 1853
01 – Padre Joaquim Ferreira Lima Verde, proprietário do sítio Fábrica , e Santa Fé,e tronco familiar da Família Limaverde;
02 – Padre João Marrocos Teles, pai de José Joaquim Marroco Teles, ferrenho defensor do Padre Cícero, nascido em Crato;
03 – Manuel Joaquim Ayres do Nascimento, que foi Párocho em Crato por muitos anos,tendo sido Dep. Provincial eleito em 1840.
( Fonte: Revista Itaytera Nº 1, ANO 1855)
Antonio Correia Lima, graduado em História pela Universidade Regional do Cariri – URCA, e se dedica ao estudo genealógico da região do Cariri. Editor do Blog http://algumasfamiliascaririenses.blogspot.com/




sábado, 4 de junho de 2011

Monsenhor Joviniano Barreto, o Mártir do Dever - Armando Lopes Rafael


O ano de 1950 começou promissor para Juazeiro do Norte. A comunidade católica daquela cidade preparava-se para comemorar – no mês de março – os 15 anos do profícuo paroquiato de Monsenhor Joviniano Barreto. Este, por sua vez, após ajudar, meses antes, na instalação da Congregação Salesiana em Juazeiro do Norte, aguardava o dia 6 de janeiro, data marcada para o lançamento da pedra fundamental do Convento e Seminário dos Capuchinhos, frades recém-chegados a Juazeiro do Norte, após pacientes negociações feitas entre o Bispo de Crato, Dom Francisco de Assis Pires – com decisiva participação do Monsenhor Joviniano Barreto – e a Província Franciscana.

A quase totalidade da população ordeira e humilde de Juazeiro do Norte professava a religião católica. E, como ocorre em toda cidade em fase de grande crescimento, Juazeiro do Norte abrigava alguns portadores de paranoias esquizofrênias. Um deles, Manoel Pedro da Silva, natural de Açu, Rio Grande do Norte, vinha, nos últimos meses, insistindo (junto a monsenhor Joviniano) para que o vigário o casasse com uma senhora já casada. Em vão o sacerdote explicou ao desequilibrado homem que a Igreja Católica proibia a realização desse matrimônio. Consta que, por algumas vezes – por vingança ante a recusa do sacerdote em realizar o ilegal casamento – Manoel Pedro procurou assassinar Monsenhor Joviniano. Uma dessas tentativas teria sido planejada para a Missa de Natal. E só não foi concretizada, pois, na hora prevista, faltou coragem a Manoel Pedro para praticar o homicídio.

Mas, no início da fatídica noite de 6 de janeiro de 1950, após a solenidade de lançamento da pedra fundamental do convento dos capuchinhos, Manoel Pedro veio na direção de Monsenhor Joviniano e lhe desferiu profunda facada no coração, matando-o na hora. A pedra fundamental do convento dos capuchinhos foi, assim, regada pelo sangue desse servo bom e fiel, um “Mártir do Dever”.

Monsenhor Joviniano Barreto nasceu no município de Tauá, no Sertão dos Inhamuns, em 05 de maio de 1889. Oriundo de família de sólida formação católica era afilhado de crisma do segundo bispo do Ceará, Dom Joaquim José Vieira. Estudou no Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde recebeu ordenação sacerdotal em 22 de dezembro de 1911, aos 22 anos. Enquanto aguardava a idade canônica para receber a ordem do presbiterato lecionou naquele Seminário, entre 1908 e 1909 e no Colégio São José de Crato, entre 1910 e 1911.

A criação da Diocese de Crato veio encontrar o então Padre Joviniano Barreto como vigário-cooperador de Lavras da Mangabeira. Posteriormente, ele foi Cura da Catedral de Crato, Secretário do Bispado, professor e reitor do Seminário Diocesano São José, vice-presidente do Banco do Cariri (pertencente à diocese) e diretor do Ginásio, hoje Colégio Diocesano.

Segundo o escritor Mário Bem Filho: “Na administração episcopal de Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, primeiro bispo de Crato, Monsenhor Joviniano Barreto era o padre de maior projeção da diocese. Homem apostólico, dedicado, trabalhador, inteligente e culto. Tinha um caráter forte e uma personalidade marcante. Contava com a amizade e estima de todo o clero diocesano. Impôs-se pela bondade. No governo do segundo bispo, Dom Francisco de Assis Pires, Monsenhor Joviniano era depositário de toda a confiança do pastor diocesano que o tinha como conselheiro. Dom Francisco mandava-o chamar frequentemente, ao Palácio Episcopal, para ouvi-lo”.

Com a morte de Monsenhor Esmeraldo, vigário de Juazeiro do Norte, ocorrida em outubro de 1934, aquela paróquia ficou novamente vaga e o Bispo de Crato encontrava dificuldades junto aos seus padres para que um deles assumisse aquela jurisdição paroquial. Um grupo de senhoras de Juazeiro do Norte veio, certa vez, ao Seminário São José, em Crato, pedir monsenhor Joviniano para aceitar a missão de pastor dos juazeirenses. Ele respondeu negativamente ao pedido. Dias depois, sem que ninguém soubesse o motivo da mudança, Monsenhor Joviniano procurou Dom Francisco e disse que aceitava a nomeação para Vigário de Juazeiro do Norte, uma função que representava, àquela época, um grande desafio. Assumiu a Paróquia de Nossa Senhora das Dores em 26 de março de 1935. Durante 15 anos reorganizou a vida paroquial. Dinamizou as associações religiosas. Reformou totalmente a igreja-matriz – hoje Basílica Menor – deixando-a com o aspecto como está hoje. Ajudou na evolução social da Terra do Padre Cícero, participando de todas as iniciativas que representavam progresso para Juazeiro do Norte. Foi professor da Escola Normal Rural e concluiu sua profícua missão pastoral em 6 de janeiro de 1950, passando à história como “O Mártir do Dever”.



Na segunda foto acima, sentado à direita de Dom Quintino, monsenhor Jovianiano Barreto. Acima, em pé, da esquerda para a direita: monsenhor Francisco Assis Feitosa o cônego Manoel Feitosa.

(*) Armando Lopes Rafael é historiador.

ICÓ - Em maio de 1864, faleceu Dr. Pedro Théberge *



Sic ut in radii of aurora, lucet in animi et in veribus egregius heroes

Assim como brilha os raios da alvorada,
brilha a coragem e a força dos egrégios heróis


Luan Sarmento, 31 de Maio de 2011


Dr. Pedro Franklim Théberge




Fotos da década de 1930, produzidas por João José Rescala


Pedro Franklin Théberge nasceu em Marcé, na França, no ano de 1811. Thebérge, ingressou na cidade do Icó em 1845, acompanhado de sua esposa Elisa Soulé Theberge e seu filho Henrique Theberge, que logo mais se tornou um dos fundadores da Academia Cearense de Letras. A população icoense neste período histórico girava em torno de 15.000 habitantes.

Rico em um potencial cultural e artístico admirável, Théberge foi o idealizador da construção do Teatro da Ribeira dos Icós em 1860, cujo o nome é uma homenagem aos nativos e donos primitivos das terras do Icó. Théberge também financiou toda a construção do teatro, considerado por todos um monumento de grandeza histórica, simbólica, artística e cultural, na qualidade de casa da arte.

O teatro expressa em sua arquitetura as marcas do estilo neoclássico, movimento artístico e cultural surgido no século XVIII, que significou uma nova (neo) manifestação que buscou resgatar as características da arquitetura das artes clássicas da Europa Ocidental, em forma de crítica ao caráter dramático do estilo barroco, predominantemente presente em monumentos importantes da burguesia, não aceito por aqueles cuja a cultura era baseada nos princípios do iluminismo e racionalismo que se apresentavam em oposição ao dogmatismo e dramaticidade do barroco.

A cólera morbus, infecção contraída através de uma bactéria alojada em águas e alimentos contaminados que, após a ingestão, afeta fatalmente o organismo intestinal humano causando diarréia, dores, hipotensão, taquicardia, anúria e hipotermia, foi uma doença terrível, que deixou uma marca de mais de 100 falecidos por dia na cidade do Icó, fazendo do nobre médico francês improvisar o seu teatro em uma enfermaria para então assim, juntamente com outro médico conhecido como Rufino Alencar, diagnosticarem e tratarem daqueles que foram contaminados pela letal moléstia.

O pesquisador Monte enfatiza a questão do cemitério do Icó, ter sido uma iniciativa do próprio Théberge, personalidade ilustre e marcante na história dessa linda cidade conhecida por ''cidade dos sobrados''. Faleceu no dia 08 de maio 1864, vítima da cólera. Seus restos mortais repousam no Santuário do Senhor do Bonfim em Icó. (ver abaixo)

* Adendo Icó é Notícia - O estudioso em História de Icó, Miguel Porfírio (in memoriam), esclarece sobre a situação no volume II de "Icó em Fatos e Memórias" - "As urnas funerárias foram retiradas da parede, e por muito tempo ficaram abandonadas em algum canto daquele templo, sendo levadas como dizíamos antes, por uma alma caridosa, D. Adélia Nogueira, esposa de Horário Nogueira, e sepultadas no cemitério local".




Foto do site Icó é Notícia


Está escrito:

HIG JACET ALIX:
VELUT FLOS É VITA EGREDITUR, OBEDIENS FILIA AS DULCIS CONJUX
SEMPER RECOLITAR;
VIRTUDE PRODITA,
FORMÂ RECOGNITA,
FRATRE ET SOROBE SIMULQUE VIRO
QUI MULTUM DILEXIT ET AMISIT EAM FATO DIRO,
PROBATA AB HOMINIBUS
OMNIBUSQUE, DILECTA PARENTIBUS.

HIC ETIAM JACENT OSSA PATRIS EJUS, DOCTORIS PETRI THEBERGIS:
QUI EX GALLIÂ CUM VENISSET IN BRASILE,
VIR EGREGIUS ET MEDICUS OPTIMUS,
CARUS ACCEPTUSQUE OMNIBUS COGNITUS FACTUS;
OB ILLIUS CELEBRITATEM QUI DIXISSET:
EGO SUM GALLUS EX NATIONE BRASILIENSIS EX CORDE.
ICÓ 1872
SIMPLICIO D MONTEZUME
HENRIQUE THEBERGE.

Tradução:

HIG JACET ALIX
COMO SE FOSSE A FLOR DA VIDA SAI OBEDIENTE FILHA DOCE MULHER.
SEMPRE LEMBRAR
VIRTUDE TRAÍDA
FORMA RECONHECIDA
IRMÃO E SOROBE AO MESMO TEMPO UM HOMEM
ELE ERA MUITO AMADO SEU DESTINO TERRÍVEL
APROVADO PELOS HOMENS E TODOS, AMADOS PAIS

AQUI SE ENCONTRAM OS OSSOS DE SEU PAI
DOUTOR PEDRO THEBÉRGE
QUE A PARTIR DE FRANÇA ELE CHEGOU NO BRASIL
UM HOMEM RARO, E MÉDICO O MELHOR
E QUERIDO, ACOLHIDO POR TODOS CONHECIDO
EM CONTA QUE, PARA CELEBRAR ELE DISSE:
EU SOU FRANCÊS POR NAÇÃO E BRASILEIRO DE CORAÇÃO
ICÓ 1872
SIMPLICIO D MONTEZUME
(Tradução de Luan Sarmento)


Arte Clássica

Partenon, século V a C. Acrópole de Atenas. Autor Onkel Tuca

Arte Neoclássica

Fachada do edifício da Academia Imperial de Belas Artes, um projeto de Grandjean de Montigny, fotografada por Marc Ferrez 1891.

Façade du Panthéon - Paris. Obra do próprio. Autor Jean-Christophe BENOIST

Teatro da Ribeira dos Icós - Edificado na cidade de Icó (CE), pelo Francês Pedro Théberge, em 1860. É o teatro mais antigo do estado do Ceará. Foto de Arthur Luiz Andrade

A CÓLERA

Santuário de Nossa Senhora da Conceição (XVIII) e
o cemitério público de Icó (XIX). Construções ainda existentes.
Foto provavelmente produzida na década de 1920 ou 1930,
fornecida pelo historiador Monte.


Segundo estudos elaborados por Sarmento, em um levatamento de dados realizado dentro do antigo cemitério icoense, em busca de datas e escritos da arte tumular, provavelmente esse antigo cemitério começou a existir em meados do século XIX, devido às datas quase apagadas pela ação do tempo nas lápides dos túmulos em estilo gótico abandonados. Essas mesmas datas nos jazigos mais antigos, coincidem com tempo da cólera e a presença de Théberge na cidade.

De acordo com fontes de pesquisas disponíveis a palavra ''cemitério'' vem do latim ‘’coemeteirum‘’ derivada do grego ''κοιμητήριον'', ''kimitírion'' atribuído o significado de ''pôr a jazer'' também denominado ‘’campo-santo’’.

Em tempos antigos, a prática dos sepultamentos fora dos templos cristão era atribuída para os ''não-cristãos'' praticantes de outras religiões, havendo até mesmo uma visão preconceituosa de tal procedimento funerário, caso algum cristão fosse sepultado fora do templo.

Em algumas cidades antigas, foi à contaminação da cólera e outras pragas o motivo para a criação de cemitérios em regiões distantes. Em outras, foi à questão sanitária dos corpos estarem no mesmo ambiente dos vivos dentro das igrejas. Já em outras, foi o crescimento da zona urbana que favoreceu a criação do ‘’campo-santo’’ em áreas próximas aos templos religiosos.

Prática oriunda da Europa em Icó, os mortos eram sepultados dentro de suas próprias igrejas e podemos citar o caso da família Montes do século XVIII na Matriz de Nossa Sra. do Ó, da família Nogueira do século XIX no mesmo templo, da família libertadora de escravos Pinto Albuquerque na Igreja do Monte e demais membros da sociedade icoense que jazem no Santuário do Senhor do Bomfim e do Rosário. Prática também ocorrida em capelas particulares, situação da família Antero na Capela do Sagrado Coração (XIX) outra família libertadora de escravos.

Na época da cólera, devido ao número de mortes em grande massa, muitos foram os sepultamentos em covas coletivas nas proximidades da Igreja do Monte, localidade isolada e distante do centro da cidade, já que era costume da época sepultar aqueles morreriam de doenças graves em localidades distante da civilização, comprovando então, relatos de pessoas que ao construírem suas casas nesta região em meados da década de XX, encontrarem restos mortais, e de outras que lavavam roupas na lagoa da torre que se encontravam no caminho com as sepulturas. Vejamos o relato abaixo:

(Trabalho realizado por Luan Sarmento em busca de datas do século XIX no antigo cemitério do Icó)


Em uma entrevista ao blog D. Josefa Maria de Sousa, expressou: ''Moro aqui desde o ano de 1958 e morava em uma casinha de taipa ao lado da Igreja do Monte. Eu via da janela da minha casa as catatumbinhas e alí (apontou para os comércios da avenida principal e para a região do lado esquerdo do cemitério) também tinha mais.

Quando agente ia lavar roupa na lagoa da torre, agente via mais catatumbinhas e montinhos de barro pela região do monte, nas laterais e atrás da igreja, tudo fora do cemitério. Aqui não tinha nada, era tudo mato, isolado. Tinha também a casa da pólvora, preta, caindo os pedaços e era de muitos anos atrás. '
' Relato de D. Josefa, 72 anos.

LAGOA - A lagoa da torre era um lago que existia ao lado da Igreja do Monte, onde hoje se encontra o Centro Gerencial e recentemente foi secada. Surgiu esta denominação quando aqui se estabeleceram bandeirantes da Casa da Torre da Bahia, para criar gado, riqueza econômica do século XVIII em Icó, civilização dos criadores de gado.

A Casa da Torre era uma poderosa instituição pioneira na pecuária no Nordeste do Brasil colonial, que adentrava nos sertões para explorar as terras e cultivar riquezas, estimando-se que a Igreja do Monte foi iniciativa de um ou dois membros do grupo em 1750. Nossa Senhora da Conceição é padroeira de Portugal.


* Textos de Luan Sarmento - Bacharelando em Serviço Social - publicado no blog Icó Arte Barroca

Colaboradores:
Historiador Altino Afonso Medeiros Monte
Genildo Angelim
D. Josefa Maria do Sousa
Texeira Alenca


Referências:

COUTO. Padre Francisco de Assis. a história do Icó, sua genuína crônica, primeira parte 1682 a 1726. Iguatu: 1962. 98 p.

LIMA. Miguel Porfírio de.Icó em fatos e memórias. Icó: vol. 1, 1995. 215 p.

LIMA. Miguel Porfírio de. Icó em fatos e memórias. Icó: vol. 2, 1998 159 p.

http://www.icoenoticia.com/2009/08/ha-145-anos-falecia-o-idealizador-do-1.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Site - A enciclopédia livre.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O relógio da Catedral de Crato -- por Armando Lopes Rafael (*)

O relógio existente na torre do lado sul da catedral de Crato foi adquirido na fábrica Ungerer & Frères , localizada em Estrasburgo (França), e assentado na então Matriz de Nossa Senhora da Penha, no dia 21 de janeiro de 1863, pelo artesão Vicente Ferreira da Silva. O relógio foi oficialmente entregue à população de Crato, no dia 12 de outubro daquele ano, por ocasião da primeira visita pastoral feita ao Cariri pelo primeiro bispo do Ceará, dom Antônio Luís dos Santos.
A iniciativa da compra desse relógio coube ao vigário colado da freguesia, padre Manuel Joaquim Aires do Nascimento, que o adquiriu por intermédio do Dr. Marcos Antônio de Macedo. Consoante informação do historiador Irineu Pinheiro, o relógio da Matriz de Crato foi considerado, “naqueles tempos, um dos melhores do Império”.
Decorridos quase 150 anos da sua instalação, o velho relógio da Sé de Crato ainda marca as horas com exatidão. Em 2003, o ex-Cura da Catedral, monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo, atual reitor do Santuário Eucarístico Diocesano, escreveu à fábrica de relógios Ungerer solicitando informações sobre o equipamento adquirido para a Paróquia de Nossa Senhora da Penha, no terceiro quartel do século XIX.

Acima, Theodore Ungerer, construtor do Relógio da Catedral de Crato, Cfe. site: http://phaffans.com/wp/?tag=equation-du-temps

Transcrevemos abaixo a correspondência recebida – e traduzida – por monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo:

Estrasburgo, 6-11-2003

A Mons. João Bosco Cartaxo Esmeraldo
Vigário Geral da Diocese de Crato-CE

Monsenhor,

Queirais perdoar o atraso desta resposta à vossa simpática mensagem de 21 de janeiro de 2003 e vossa carta de 7 de maio ao Vigário Geral de Estrasburgo, que me chegaram, há algumas semanas, somente após três meses de ausência.
Eu sou filho caçula de Thédore Ungerer (1894-1935) construtor do relógio Astronômico de Messina (Sicília) (1933), o maior do mundo com 50 autômatos, dos quais 48 desenhados por meu pai.
Para responder à vossa questão se há ainda a fábrica em Estrasburgo, eu anexo a esta carta um texto do Sr. Yann Cablot, dos Arquivos Departamentais do Baixo Reno.
Eu concluo que a firma Ungerer, fundada em junho de 1858, cessou definitivamente sua atividade, em janeiro de 1989.
Eu encontrei talvez traços de vosso relógio, no repertório dos Grandes Livros Ungerer, nos Arquivos Departamentais (73J45 pag.91, anexo) onde se encontra um pagamento de 1.130 Fr, em 27 de abril de 1860, “para o Brasil” (talvez uma conta (parcela?).
Em nome dos meus ancestrais, eu vos agradeço, Monsenhor, por vossa mensagem cordial e por vossas bênçãos e vos dirijo minhas saudações respeitosas e cordiais.
B.Ungerer

Teríeis a gentileza de me enviar uma foto da torre da Catedral, com o relógio Ungerer, para os Arquivos Departamentais? Obrigado antecipado.

Verificando o anexo que acompanhou a carta do Sr. Bernard Ungerer ao monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo, lemos uma relação manuscrita referente a 1860, onde constam as encomendas feitas à fábrica Ungerer & Frères, naquele ano. Na relação, uma anotação registra: “avril, 27 Caisse 1 – pour Le Brésil –37– 1.130 Fr (abreviatura da moeda francesa, o Franco)”
Donde se conclui que o atual relógio, ainda batendo as horas na Sé de Crato, foi adquirido por Dr. Marcos Antônio Macedo, em Estrasburgo, no dia 27 de abril de 1860, fato comprovado pelo cineasta Jackson Bantim, que fotografou a máquina do equipamento e lá consta o ano da fabricação: 1860. Este relógio – segundo pesquisa de Irineu Pinheiro – foi instalado na torre do lado sul da Catedral de Nossa Senhora da Penha no dia 21 de janeiro de 1863, pelo artesão Vicente Ferreira da Silva.

(*) Armando Lopes Rafael é historiador. Sócio do Instituto Cultural do Cariri e Membro Correspondente da Academia de Letras e Artes “Mater Salvatoris”, de Salvador (BA).