segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Lavras da Mangabeira conta sua história - Emerson Monteiro


Numa iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo, a Prefeitura de Lavras da Mangabeira iniciou, sábado, 20 de agosto de 2011, os trabalhos que visam aprofundar estudos relativos ao conhecimento da rica história daquele município.

Comuna das mais antigas do Ceará, elevada a vila em 20 de maio de 1816, Lavras detém um passado de expressivos acontecimentos, desde quando chegara o seu fundador, capitão-mor Xavier Ângelo, procedente da Paraíba do Norte, aos feitos legendários da matriarca Fideralina Augusto Lima, das primeiras mulheres que assinalaram a vida brasileira nos primórdios da colonização do interior, pela fibra de coragem e liderança altiva diante das agruras do semiárido nordestino.

Visando, pois, a preservação desses valores históricos que definem as origens de famílias e instituições, nas formações locais, a prefeita Edenilda Lopes de Oliveira Sousa (Dena) e Miriam Linhares de Sá e Sousa (Manta), secretária de Cultura do município, organizaram mesa redonda composta por membros da comunidade, autoridades e titulares da Academia Lavrense de Letras, visando debater fatos históricos que definem a estruturação de um futuro seminário sob o tema História de Lavras da Mangabeira – Valores, Cultura e Artes da Cidade, do Município e Região.

Ao término dos estudos, será elaborado vasto documento que consolidará os feitos dos povos do lugar considerados os pontos de vista religiosos, econômicos, políticos, educacionais, científicos e turísticos.

Esse primeiro evento ocorreu nas dependências da Escola Estadual de Educação Profissional Professor Gustavo Augusto Lima (ex-Colégio Agrícola de Lavras da Mangabeira), em solene reunião presidida pela professora Fátima Lemos, da Academia Lavrense, com a presença da chefe do Executivo, professora Edenilda Lopes, do deputado estadual Danniel Oliveira, educadores, representantes do Legislativo, autoridades civis e religiosas, profissionais liberais e de um bom público, os quais prestigiaram a realização.

Ao empreender essas pesquisas, os lavrenses demonstram sentimento cívico e exemplo pedagógico, aprimorando meios de desenvolver e educar as novas gerações numa louvável providência.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Crônicas cangaceiras - Emerson Monteiro


Em dias recentes, com satisfação recebi o livro Cariri: cangaço, coiteiros e adjacências, de Napoleão Tavares Neves, publicado pela Thesaurus Editora, de Brasília DF, em 2010. Sob o ordenamento das memórias recolhidas de suas observações e escutas, Dr. Napoleão descreve as presenças do cangaço na região do Cariri cearense e entorno através de crônicas bem narradas, fotografias primorosas de um passado que ainda perdura no seio desta humanidade, inclusive nos interiores sertanejos.

Capítulo a capítulo, vemos desfilar episódios marcantes que nutriram as histórias repassadas dos ancestrais da primeira metade do século XX, nas salas, varadas e bagaceiras de sítios e engenhos, dotes imorredores daquilo que praticaram coronéis, polícias e cangaceiros, desfilar de casos que apavoraram o imaginário social antes de chegar o tão propalado desenvolvimento da indústria moderna.

Enquanto escorrem das letras filmes desse acervo de rifles e punhais dos tempos em sobressalto, nas maldades dos Marcelinos, de Sabino, Antônio Silvino, Lampião, cenas horripilantes de crimes impunes dos dois lados do feudalismo em decadência, transcorria também a história do mesmo homem e das dimensões trágicas que carrega consigo na busca da perfeição.

Quando criança, ouvia, na escola, apenas o lado romântico das vitórias, nos acontecimentos históricos. Esse aspecto escabroso de cores amargas pouco aparecia na movimentação das tropas e dos confrontos. Achava até que o pior restava só na memória. No entanto ainda se anda longe dos dias de paz plena.

As versões escutadas pelo autor barbalhense, ora transmitidas através dessa obra literária que leio, atende às necessidades do conhecimento de assuntos ocorridos aqui por perto, lugares conhecido no desfilar dos calendários. As marcas cruéis da violência campeavam nas quebradas das serras, no meio dos marmeleiros das campinas esturricadas, nos brejos. Tiros, incêndios, cavalgadas, talhes de facões, medo, destruição, em época de ninguém obedecer aos ditames da Lei nas ações, fosse qual banda fosse que a executasse, casos típico dos fuzilados do Leitão, nos arredores de Barbalha, e do fogo das Guaribas, em Brejo Santo, para executar Chico Chicote.

Esse tropel de cenas guardadas pelo escritor transmite com maestria o panorama daquela fase rude que parece não ter fim diante das injustiças que pouco mudaram nos dias de hoje. A diferença mais forte, porém, é que as histórias tristes deixaram de ocupar as conversas noturnas das varandas brejeiras de sítios e fazendas, e repontam frescas na guerra aberta de extermínio a plena luz do dia nos programas televisivos dos horários de almoço da atualidade cangaceira.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Reedições de livros caririenses - Emerson Monteiro


Neste primeiro semestre de 2011, foram reeditadas pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará, em parceria com as Universidades Federal do Ceará e Regional do Cariri, algumas das obras do escritor cearense J. de Figueiredo Filho, emérito historiador que viveu em Crato e desenvolveu atividades intelectuais de larga repercussão pelo País inteiro, sendo um dos fundadores do Instituto Cultural do Cariri ao qual pertenço.

Avô de dois dos meus amigos, Tiago e Flamínio Araripe, conheci o Prof. Figueiredo Filho quando ele proferira notável discurso por ocasião da vinda a Crato, em 21 de junho de 1964, do Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, no Dia do Município cratense. Ao pleno sol quente das 11h no céu aberto da Praça da Sé, Figueiredo falou a imensa plateia e palanque lotado de autoridades, durante meia hora, repassando os detalhes da epopeia do Cariri. Senhor do assunto e respeitável pesquisador das nossas origens libertárias cumpriu a valer seu ofício. Isto numa fase em que o Brasil afundava nos porões da ditadura que permaneceria no poder mais de duas décadas, com sérios danos às liberdades civis e aos direitos humanos, preço pago das modernizações econômicas que varia o mundo naquele tempo para instalar a globalização dos dias atuais.

Depois, já pelos idos da década de 70, frequentei a sede do ICC, na Rua Miguel Limaverde, instalada na sala principal da residência do historiador, com quem conversava boas horas e de quem adquiri o gosto pelos estudos caririenses bem a seu modo e dedicação.

Agora recebemos sete dos seus livros, reeditados em momento oportuno, para as novas gerações, através das Edições UFC, série Memória, da Coleção Nossa Cultura. Engenhos de Rapadura do Cariri, Folguedos Infantis do Cariri, os quatro volumes de História do Cariri e Cidade do Crato (este com Irineu Pinheiro) ganharam outra publicação como parte de dez títulos que enfocam a história e os costumes do Cariri.

Além desses, também mereceram novas edições Efemérides do Cariri e O Cariri, seu descobrimento, povoamento, costumes, de Irineu Pinheiro, e Juazeiro do Padre Cícero, de Floro Bartolomeu da Costa.

São trabalhos emblemáticos da civilização caririense, motivos autênticos da preservação de nossas tradições e valores, os quais, ao lado de outros ainda adormecidos, demonstram a profundidade que caracteriza a alma desta gente que iniciaria com sucesso a colonização cearense, primeiro aqui estabelecida e só então desenvolvida junto do litoral.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O parque de exposições de Crato - Emerson Monteiro

Por mais que a gente não queira, se envolve nesses assuntos de governo, quando a população, nas urnas, permitiu aos administradores públicos cuidarem da sorte do povo do jeito que lhes aprouver. Ainda assim, coça por dentro uma vontade de falar qualquer palavra de cidadão no quadro que se estabeleceu.

É que se formou uma espécie de cabo de guerra entre os gestores do Município cratense e o Executivo estadual quanto ao jeito certo de resolver, daqui para adiante, onde funcionará o Parque de Exposições Pedro Felício Cavalcanti.

O tema esquentou mais durante o evento deste ano de 2011, pois cada vez o local fica menor para tanto movimento. A cidade passa por crise de, no mínimo, dez dias diferentes, com carros de todo canto do Brasil a encherem as vias do centro e dos bairros, sem lugar de circular, de estacionar, etc. A selvageria das alturas do som na área dos shows, que ninguém consegue diminuir, nem tem a quem reclamar, judiando, prejudicando a paz, ensurdecendo gerações e gerações, além de incomodar sobremaneira os bichos expostos lá em cima, transtornando as imediações e intranqüilizados as famílias que moram perto.

Bom, segundo aqueles com quem converso, pode haver mais disciplina, inclusive no que diz respeito aos estandes trazidos, aos segmentos e à seleção, talvez controle impossível nesses tempos de mercantilização e dinheiro, a interessar os organizadores da festa tradicional de 60 anos.

Outros pretendem que modernizar o parque no ponto ora existente resolve, que possui área de expansão no sentido Canfundó. Enquanto que o Governo oferece o projeto pronto de deslocar as atividades para o Sítio Palmeiral, nas bandas dos brejos, entorno da Avenida do Contorno.

Em resumo, a querela estabelecida virou domínio público. Impasses, impasses, e nenhum entendimento que pacifique e inicie as construções futuras. Até falam em possível consulta popular através de um plebiscito.

No entanto, prezadas autoridades, há de existir dose suficiente de sensatez nos juízos dos gestores para equilibrar a balança, porquanto é hora de providenciar soluções urgentes, invés de esperar outro ano de contradições para avançar alternativas sem que nada aconteça até a nova edição do apreciado acontecimento, afinal em suas mãos depositamos a nossa confiança.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O centenário de Juazeiro do Norte - Emerson Monteiro


Neste ano de 2011, o dia 22 de julho assinala 100 anos desde que Juazeiro mereceu sua autonomia municipal através da Lei n.º 1.028, quando recebeu a toponímia de Joaseiro, em homenagem à árvore típica da vegetação do semi-árido, sempre verde inclusive nas épocas mais tórridas.

Suas origens remontam ao vilarejo de Tabuleiro Grande, formado nas terras que pertenceram à sesmaria concedida no ano de 1703 ao capitão-mor Manuel Rodrigues Ariosa, de origem norterriograndense, depois havidas por famílias iniciais advindas de Sergipe, até chegar no brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro e no neto, o sacerdote católico Pedro Ribeiro da Silva Monteiro. As terras se estendiam do município do Crato às cercanias da Serra de São Pedro. Nessa área da grande propriedade, no decorrer da década de 1820, o Padre Pedro Ribeiro edificaria casa grande, de taipa e telha, engenho, aviamento, senzala e capela.

Para a construção da capela dedicada à Nossa Senhora das Dores, o sacerdote e seu futuro capelão reuniria também esforços dos familiares, nela sendo celebrada missa no dia 15 de setembro de 1827 alusiva ao lançamento da pedra fundamental do templo.

Em 09 de setembro de 1833, quando Padre Pedro Ribeiro deixaria este mundo, a futura povoação juazeirense começava a despontar no crescimento. Somava duas ruas, a Rua Grande, hoje Padre Cícero, e a Rua dos Brejos, em traçado perpendicular; a capela, uma escola e 32 prédios com tetos apenas de palha.

Ordenado em 1870, no dia 11 de abril de 1872, o Padre Cícero Romão Batista fixaria residência no pequeno arruado. Afeito aos anseios das populações simples, desempenharia funções apostólicas voltadas ao conforto das almas sertanejas, cumprindo nisso a missão religiosa católica. Tempos depois, em 06 de março de 1889, dar-se-ia o fenômeno da hóstia transformada em sangue, na ocasião de ministrar a comunhão à Beata Maria de Araújo. A propagação do acontecimento pelos interiores nordestinos intensificaria o deslocamento de milhares de pessoas ao lugarejo, que ganharia impulso surpreendente e definitivo no desenvolvimento.

Já em dias do século XX, a 16 de agosto de 1907, circulara um boletim conclamando os cidadãos juazeirenses para reunião a ocorrer no dia 18 do mesmo mês, na residência do major Joaquim Bezerra de Menezes, descendente dos primeiros proprietários do lugar, visando organizar a emancipação política do território, livrando-o da administração do município do Crato, a quem obedecia. Isso, no entanto, deixaria de gerar efeitos práticos imediatos. Só adiante, devido ações encetadas por novas lideranças, de Padre Alencar Peixoto, Floro Bartolomeu da Costa, José Marrocos e outros, nas páginas do jornal O Rebate, essas ideias ganhariam corpo, galgando efetiva concretização em 22 de julho de 1911, quando da lei estadual que estabeleceu: “Art. 1.º - A povoação de Juazeiro, da comarca do Crato, é elevada à categoria de vila e sede de município, com a mesma denominação”.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

FIGURAS REPRSENTATIVAS DA VILA DO CRATO QUANDO PASSOU À CATEGORIA DE CIDADE EM 1853


Por Antonio Correia Lima *

Por me dedicar ao estudo genealógico da nossa região, e por dispor de um vasto material ( Casamentos, Batismos e óbitos)transcritos dos livros eclesiásticos da Freguesia do Crato, referentes ao século XIX, e início do XX, resolvi me utilizar desta relação com o objetivo de informar e colher mais dados sobre as figuras abaixo para que possa alimentar a nossa página na Internet – ALGUMAS FAMÍLIAS CARIRIENSES( http://algumasfamiliascaririenses.blogspot.com/).
Portanto, peço a colaboração no sentido de se identificar as figuras representativas aqui relacionadas .


01 – Capitão Mor Joaquim Antonio Bezerra de Menezes , Dep. Provincial, eleito em 1838;
02 –Cel. Luiz Alves Pequeno , Presidente da Câmara em 1853;
03 – Felipe Teles de Mendonça ;
04 – Pedro José Gonçalves da Silva;
05 – Joaquim de Araújo Candéia;
06 - Joaquim Lopes/ Raimundo do Bilhar;
07 – Joaquim Pedroso Bembém;
08 – Miguel Henrique Xavier de Oliveira, Dep. Provincial, eleito em 1842;
09 – José Francisco Pereira Maia, Dep. Provincial, eleito em 1838;
10 - Joaquim Romão Batista, pai do Padre Cícero;
11 - José Romão Norões;
12 – José Vitoriano Maciel, Dep. Provincial eleito em 1838;
13 – José Ferreira de Menezes;
14 – Francisco Lião da Franca Alencar, pai de Seu Nelson do Lameiro , e outros;
15 – José Esmeraldo da Silva, tronco da família Esmeraldo ;
16 – Antonio Ferreira de Mello;
17 - João Soares de Oliveira;
18 – Francisco Gomes de Matos;
19 – Antonio Ferreira Lima;
20 – Felismino Marques Peixoto, era o pai do Padre Peixoto;
21 – Antonio José de Carvalho;
22 – Francisco Lôbo de Macedo;
23 – Benedito da Silva Garrido;
24 – Laureno Briseno da Silva;
25 – José Antonio de Figueirêdo;
26 – Hildebrando Sisnando Batista;
27 – Joaquim Gomes de Mattos;
28 - Childerico Cícero de Alencar Araripe;
29 – Raimundo Gomes de Matos;
30 – José Germano Bezerra de Menezes;
31 – José Pinheiro Bezerra de Menezes;
32 – Antonio Duarte Pinheiro;
33 – Joaquim Saraiva;
34 – Manuel Pereira de Araújo Caçula;
35 – Joaquim Secundo Chaves;
36 – Antonio Ferreira Lôbo;
37 – Mariano de Oliveira e Souza;
38 – Jesuino Brizeno da Silva;
39 - Joaquim José de Santana Milfont;
40 – Joaquim Jácome Pequeno;
41 – José de Souza Rolim;
42 – Manuel Leite Xenofonte de Oliveira, tronco da família Xenofonte de Oliveira, do sítio Catingueira, em Ponta da Serra;
43 – João Vitoriano Gomes Leitão;
44 – Vicente Alves de Lima;
45 – Antonio Romão Batista;
46 – José Alves da Silva Bacurau;
47 - Joaquim Bezerra de Menezes;
48 – Leandro Bezerra de Menezes;
49 – Miguel Ferreira Nobre, tronco da família Ferreira Nobre do Baixio das Palmeirias;
50 – Manuel Lopes Abath;
51 – Miguel Bezerra Frazão;
52 – Domingo Lopes de Sena;
53 – Antonio Raimundo Brígido dos Santos, Dep. Provincial eleito em 1838;
54 – Antonio Teles de Mendonça;
55 – Francisco Dias Azêde e Melo;
56 – Adriano Pinheiro Lamdim;
57 - José do Monte Furtado;
58 – Ricardo José de Araújo Vilar, tronco da família Vilar, tendo sido proprietário do sítio Patos, em Ponta da Serra, e outros;
59 – Eufrásio Alves de Brito( Major) um dos troncos da família Brito/Macário, da Malhada, onde foi proprietário, tendo sido, também, dono do sítio Ponta da Serra. Era Senhor dono de escravos;
60 – Antonio Brito Correia, era irmão do Major Eufrásio, e dele descendem os Brito da Palmeirinha e do sítio Juá. Era Senhor dono de escravos;
61 –– Francisco José de Brito, (Yoyô de Brito) pai do Cel Chico de Brito, e avô de Francisco José , repórter da TV Globo, proprietário do Sítio São Bento, à época. Era um dos troncos da família Brito da Malhada;
62 – Antonio Francelino Correia;
63 – Joaquim Francelino da Cunha;
64 – Leandro de Melo Chaves, Dr. Dep. Provincial eleito em 1858, depois Dep. Geral.

PADRES EXISTENTES NA VILA DO CRATO EM 1853
01 – Padre Joaquim Ferreira Lima Verde, proprietário do sítio Fábrica , e Santa Fé,e tronco familiar da Família Limaverde;
02 – Padre João Marrocos Teles, pai de José Joaquim Marroco Teles, ferrenho defensor do Padre Cícero, nascido em Crato;
03 – Manuel Joaquim Ayres do Nascimento, que foi Párocho em Crato por muitos anos,tendo sido Dep. Provincial eleito em 1840.
( Fonte: Revista Itaytera Nº 1, ANO 1855)
Antonio Correia Lima, graduado em História pela Universidade Regional do Cariri – URCA, e se dedica ao estudo genealógico da região do Cariri. Editor do Blog http://algumasfamiliascaririenses.blogspot.com/




sábado, 4 de junho de 2011

Monsenhor Joviniano Barreto, o Mártir do Dever - Armando Lopes Rafael


O ano de 1950 começou promissor para Juazeiro do Norte. A comunidade católica daquela cidade preparava-se para comemorar – no mês de março – os 15 anos do profícuo paroquiato de Monsenhor Joviniano Barreto. Este, por sua vez, após ajudar, meses antes, na instalação da Congregação Salesiana em Juazeiro do Norte, aguardava o dia 6 de janeiro, data marcada para o lançamento da pedra fundamental do Convento e Seminário dos Capuchinhos, frades recém-chegados a Juazeiro do Norte, após pacientes negociações feitas entre o Bispo de Crato, Dom Francisco de Assis Pires – com decisiva participação do Monsenhor Joviniano Barreto – e a Província Franciscana.

A quase totalidade da população ordeira e humilde de Juazeiro do Norte professava a religião católica. E, como ocorre em toda cidade em fase de grande crescimento, Juazeiro do Norte abrigava alguns portadores de paranoias esquizofrênias. Um deles, Manoel Pedro da Silva, natural de Açu, Rio Grande do Norte, vinha, nos últimos meses, insistindo (junto a monsenhor Joviniano) para que o vigário o casasse com uma senhora já casada. Em vão o sacerdote explicou ao desequilibrado homem que a Igreja Católica proibia a realização desse matrimônio. Consta que, por algumas vezes – por vingança ante a recusa do sacerdote em realizar o ilegal casamento – Manoel Pedro procurou assassinar Monsenhor Joviniano. Uma dessas tentativas teria sido planejada para a Missa de Natal. E só não foi concretizada, pois, na hora prevista, faltou coragem a Manoel Pedro para praticar o homicídio.

Mas, no início da fatídica noite de 6 de janeiro de 1950, após a solenidade de lançamento da pedra fundamental do convento dos capuchinhos, Manoel Pedro veio na direção de Monsenhor Joviniano e lhe desferiu profunda facada no coração, matando-o na hora. A pedra fundamental do convento dos capuchinhos foi, assim, regada pelo sangue desse servo bom e fiel, um “Mártir do Dever”.

Monsenhor Joviniano Barreto nasceu no município de Tauá, no Sertão dos Inhamuns, em 05 de maio de 1889. Oriundo de família de sólida formação católica era afilhado de crisma do segundo bispo do Ceará, Dom Joaquim José Vieira. Estudou no Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde recebeu ordenação sacerdotal em 22 de dezembro de 1911, aos 22 anos. Enquanto aguardava a idade canônica para receber a ordem do presbiterato lecionou naquele Seminário, entre 1908 e 1909 e no Colégio São José de Crato, entre 1910 e 1911.

A criação da Diocese de Crato veio encontrar o então Padre Joviniano Barreto como vigário-cooperador de Lavras da Mangabeira. Posteriormente, ele foi Cura da Catedral de Crato, Secretário do Bispado, professor e reitor do Seminário Diocesano São José, vice-presidente do Banco do Cariri (pertencente à diocese) e diretor do Ginásio, hoje Colégio Diocesano.

Segundo o escritor Mário Bem Filho: “Na administração episcopal de Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, primeiro bispo de Crato, Monsenhor Joviniano Barreto era o padre de maior projeção da diocese. Homem apostólico, dedicado, trabalhador, inteligente e culto. Tinha um caráter forte e uma personalidade marcante. Contava com a amizade e estima de todo o clero diocesano. Impôs-se pela bondade. No governo do segundo bispo, Dom Francisco de Assis Pires, Monsenhor Joviniano era depositário de toda a confiança do pastor diocesano que o tinha como conselheiro. Dom Francisco mandava-o chamar frequentemente, ao Palácio Episcopal, para ouvi-lo”.

Com a morte de Monsenhor Esmeraldo, vigário de Juazeiro do Norte, ocorrida em outubro de 1934, aquela paróquia ficou novamente vaga e o Bispo de Crato encontrava dificuldades junto aos seus padres para que um deles assumisse aquela jurisdição paroquial. Um grupo de senhoras de Juazeiro do Norte veio, certa vez, ao Seminário São José, em Crato, pedir monsenhor Joviniano para aceitar a missão de pastor dos juazeirenses. Ele respondeu negativamente ao pedido. Dias depois, sem que ninguém soubesse o motivo da mudança, Monsenhor Joviniano procurou Dom Francisco e disse que aceitava a nomeação para Vigário de Juazeiro do Norte, uma função que representava, àquela época, um grande desafio. Assumiu a Paróquia de Nossa Senhora das Dores em 26 de março de 1935. Durante 15 anos reorganizou a vida paroquial. Dinamizou as associações religiosas. Reformou totalmente a igreja-matriz – hoje Basílica Menor – deixando-a com o aspecto como está hoje. Ajudou na evolução social da Terra do Padre Cícero, participando de todas as iniciativas que representavam progresso para Juazeiro do Norte. Foi professor da Escola Normal Rural e concluiu sua profícua missão pastoral em 6 de janeiro de 1950, passando à história como “O Mártir do Dever”.



Na segunda foto acima, sentado à direita de Dom Quintino, monsenhor Jovianiano Barreto. Acima, em pé, da esquerda para a direita: monsenhor Francisco Assis Feitosa o cônego Manoel Feitosa.

(*) Armando Lopes Rafael é historiador.

ICÓ - Em maio de 1864, faleceu Dr. Pedro Théberge *



Sic ut in radii of aurora, lucet in animi et in veribus egregius heroes

Assim como brilha os raios da alvorada,
brilha a coragem e a força dos egrégios heróis


Luan Sarmento, 31 de Maio de 2011


Dr. Pedro Franklim Théberge




Fotos da década de 1930, produzidas por João José Rescala


Pedro Franklin Théberge nasceu em Marcé, na França, no ano de 1811. Thebérge, ingressou na cidade do Icó em 1845, acompanhado de sua esposa Elisa Soulé Theberge e seu filho Henrique Theberge, que logo mais se tornou um dos fundadores da Academia Cearense de Letras. A população icoense neste período histórico girava em torno de 15.000 habitantes.

Rico em um potencial cultural e artístico admirável, Théberge foi o idealizador da construção do Teatro da Ribeira dos Icós em 1860, cujo o nome é uma homenagem aos nativos e donos primitivos das terras do Icó. Théberge também financiou toda a construção do teatro, considerado por todos um monumento de grandeza histórica, simbólica, artística e cultural, na qualidade de casa da arte.

O teatro expressa em sua arquitetura as marcas do estilo neoclássico, movimento artístico e cultural surgido no século XVIII, que significou uma nova (neo) manifestação que buscou resgatar as características da arquitetura das artes clássicas da Europa Ocidental, em forma de crítica ao caráter dramático do estilo barroco, predominantemente presente em monumentos importantes da burguesia, não aceito por aqueles cuja a cultura era baseada nos princípios do iluminismo e racionalismo que se apresentavam em oposição ao dogmatismo e dramaticidade do barroco.

A cólera morbus, infecção contraída através de uma bactéria alojada em águas e alimentos contaminados que, após a ingestão, afeta fatalmente o organismo intestinal humano causando diarréia, dores, hipotensão, taquicardia, anúria e hipotermia, foi uma doença terrível, que deixou uma marca de mais de 100 falecidos por dia na cidade do Icó, fazendo do nobre médico francês improvisar o seu teatro em uma enfermaria para então assim, juntamente com outro médico conhecido como Rufino Alencar, diagnosticarem e tratarem daqueles que foram contaminados pela letal moléstia.

O pesquisador Monte enfatiza a questão do cemitério do Icó, ter sido uma iniciativa do próprio Théberge, personalidade ilustre e marcante na história dessa linda cidade conhecida por ''cidade dos sobrados''. Faleceu no dia 08 de maio 1864, vítima da cólera. Seus restos mortais repousam no Santuário do Senhor do Bonfim em Icó. (ver abaixo)

* Adendo Icó é Notícia - O estudioso em História de Icó, Miguel Porfírio (in memoriam), esclarece sobre a situação no volume II de "Icó em Fatos e Memórias" - "As urnas funerárias foram retiradas da parede, e por muito tempo ficaram abandonadas em algum canto daquele templo, sendo levadas como dizíamos antes, por uma alma caridosa, D. Adélia Nogueira, esposa de Horário Nogueira, e sepultadas no cemitério local".




Foto do site Icó é Notícia


Está escrito:

HIG JACET ALIX:
VELUT FLOS É VITA EGREDITUR, OBEDIENS FILIA AS DULCIS CONJUX
SEMPER RECOLITAR;
VIRTUDE PRODITA,
FORMÂ RECOGNITA,
FRATRE ET SOROBE SIMULQUE VIRO
QUI MULTUM DILEXIT ET AMISIT EAM FATO DIRO,
PROBATA AB HOMINIBUS
OMNIBUSQUE, DILECTA PARENTIBUS.

HIC ETIAM JACENT OSSA PATRIS EJUS, DOCTORIS PETRI THEBERGIS:
QUI EX GALLIÂ CUM VENISSET IN BRASILE,
VIR EGREGIUS ET MEDICUS OPTIMUS,
CARUS ACCEPTUSQUE OMNIBUS COGNITUS FACTUS;
OB ILLIUS CELEBRITATEM QUI DIXISSET:
EGO SUM GALLUS EX NATIONE BRASILIENSIS EX CORDE.
ICÓ 1872
SIMPLICIO D MONTEZUME
HENRIQUE THEBERGE.

Tradução:

HIG JACET ALIX
COMO SE FOSSE A FLOR DA VIDA SAI OBEDIENTE FILHA DOCE MULHER.
SEMPRE LEMBRAR
VIRTUDE TRAÍDA
FORMA RECONHECIDA
IRMÃO E SOROBE AO MESMO TEMPO UM HOMEM
ELE ERA MUITO AMADO SEU DESTINO TERRÍVEL
APROVADO PELOS HOMENS E TODOS, AMADOS PAIS

AQUI SE ENCONTRAM OS OSSOS DE SEU PAI
DOUTOR PEDRO THEBÉRGE
QUE A PARTIR DE FRANÇA ELE CHEGOU NO BRASIL
UM HOMEM RARO, E MÉDICO O MELHOR
E QUERIDO, ACOLHIDO POR TODOS CONHECIDO
EM CONTA QUE, PARA CELEBRAR ELE DISSE:
EU SOU FRANCÊS POR NAÇÃO E BRASILEIRO DE CORAÇÃO
ICÓ 1872
SIMPLICIO D MONTEZUME
(Tradução de Luan Sarmento)


Arte Clássica

Partenon, século V a C. Acrópole de Atenas. Autor Onkel Tuca

Arte Neoclássica

Fachada do edifício da Academia Imperial de Belas Artes, um projeto de Grandjean de Montigny, fotografada por Marc Ferrez 1891.

Façade du Panthéon - Paris. Obra do próprio. Autor Jean-Christophe BENOIST

Teatro da Ribeira dos Icós - Edificado na cidade de Icó (CE), pelo Francês Pedro Théberge, em 1860. É o teatro mais antigo do estado do Ceará. Foto de Arthur Luiz Andrade

A CÓLERA

Santuário de Nossa Senhora da Conceição (XVIII) e
o cemitério público de Icó (XIX). Construções ainda existentes.
Foto provavelmente produzida na década de 1920 ou 1930,
fornecida pelo historiador Monte.


Segundo estudos elaborados por Sarmento, em um levatamento de dados realizado dentro do antigo cemitério icoense, em busca de datas e escritos da arte tumular, provavelmente esse antigo cemitério começou a existir em meados do século XIX, devido às datas quase apagadas pela ação do tempo nas lápides dos túmulos em estilo gótico abandonados. Essas mesmas datas nos jazigos mais antigos, coincidem com tempo da cólera e a presença de Théberge na cidade.

De acordo com fontes de pesquisas disponíveis a palavra ''cemitério'' vem do latim ‘’coemeteirum‘’ derivada do grego ''κοιμητήριον'', ''kimitírion'' atribuído o significado de ''pôr a jazer'' também denominado ‘’campo-santo’’.

Em tempos antigos, a prática dos sepultamentos fora dos templos cristão era atribuída para os ''não-cristãos'' praticantes de outras religiões, havendo até mesmo uma visão preconceituosa de tal procedimento funerário, caso algum cristão fosse sepultado fora do templo.

Em algumas cidades antigas, foi à contaminação da cólera e outras pragas o motivo para a criação de cemitérios em regiões distantes. Em outras, foi à questão sanitária dos corpos estarem no mesmo ambiente dos vivos dentro das igrejas. Já em outras, foi o crescimento da zona urbana que favoreceu a criação do ‘’campo-santo’’ em áreas próximas aos templos religiosos.

Prática oriunda da Europa em Icó, os mortos eram sepultados dentro de suas próprias igrejas e podemos citar o caso da família Montes do século XVIII na Matriz de Nossa Sra. do Ó, da família Nogueira do século XIX no mesmo templo, da família libertadora de escravos Pinto Albuquerque na Igreja do Monte e demais membros da sociedade icoense que jazem no Santuário do Senhor do Bomfim e do Rosário. Prática também ocorrida em capelas particulares, situação da família Antero na Capela do Sagrado Coração (XIX) outra família libertadora de escravos.

Na época da cólera, devido ao número de mortes em grande massa, muitos foram os sepultamentos em covas coletivas nas proximidades da Igreja do Monte, localidade isolada e distante do centro da cidade, já que era costume da época sepultar aqueles morreriam de doenças graves em localidades distante da civilização, comprovando então, relatos de pessoas que ao construírem suas casas nesta região em meados da década de XX, encontrarem restos mortais, e de outras que lavavam roupas na lagoa da torre que se encontravam no caminho com as sepulturas. Vejamos o relato abaixo:

(Trabalho realizado por Luan Sarmento em busca de datas do século XIX no antigo cemitério do Icó)


Em uma entrevista ao blog D. Josefa Maria de Sousa, expressou: ''Moro aqui desde o ano de 1958 e morava em uma casinha de taipa ao lado da Igreja do Monte. Eu via da janela da minha casa as catatumbinhas e alí (apontou para os comércios da avenida principal e para a região do lado esquerdo do cemitério) também tinha mais.

Quando agente ia lavar roupa na lagoa da torre, agente via mais catatumbinhas e montinhos de barro pela região do monte, nas laterais e atrás da igreja, tudo fora do cemitério. Aqui não tinha nada, era tudo mato, isolado. Tinha também a casa da pólvora, preta, caindo os pedaços e era de muitos anos atrás. '
' Relato de D. Josefa, 72 anos.

LAGOA - A lagoa da torre era um lago que existia ao lado da Igreja do Monte, onde hoje se encontra o Centro Gerencial e recentemente foi secada. Surgiu esta denominação quando aqui se estabeleceram bandeirantes da Casa da Torre da Bahia, para criar gado, riqueza econômica do século XVIII em Icó, civilização dos criadores de gado.

A Casa da Torre era uma poderosa instituição pioneira na pecuária no Nordeste do Brasil colonial, que adentrava nos sertões para explorar as terras e cultivar riquezas, estimando-se que a Igreja do Monte foi iniciativa de um ou dois membros do grupo em 1750. Nossa Senhora da Conceição é padroeira de Portugal.


* Textos de Luan Sarmento - Bacharelando em Serviço Social - publicado no blog Icó Arte Barroca

Colaboradores:
Historiador Altino Afonso Medeiros Monte
Genildo Angelim
D. Josefa Maria do Sousa
Texeira Alenca


Referências:

COUTO. Padre Francisco de Assis. a história do Icó, sua genuína crônica, primeira parte 1682 a 1726. Iguatu: 1962. 98 p.

LIMA. Miguel Porfírio de.Icó em fatos e memórias. Icó: vol. 1, 1995. 215 p.

LIMA. Miguel Porfírio de. Icó em fatos e memórias. Icó: vol. 2, 1998 159 p.

http://www.icoenoticia.com/2009/08/ha-145-anos-falecia-o-idealizador-do-1.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Site - A enciclopédia livre.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O relógio da Catedral de Crato -- por Armando Lopes Rafael (*)

O relógio existente na torre do lado sul da catedral de Crato foi adquirido na fábrica Ungerer & Frères , localizada em Estrasburgo (França), e assentado na então Matriz de Nossa Senhora da Penha, no dia 21 de janeiro de 1863, pelo artesão Vicente Ferreira da Silva. O relógio foi oficialmente entregue à população de Crato, no dia 12 de outubro daquele ano, por ocasião da primeira visita pastoral feita ao Cariri pelo primeiro bispo do Ceará, dom Antônio Luís dos Santos.
A iniciativa da compra desse relógio coube ao vigário colado da freguesia, padre Manuel Joaquim Aires do Nascimento, que o adquiriu por intermédio do Dr. Marcos Antônio de Macedo. Consoante informação do historiador Irineu Pinheiro, o relógio da Matriz de Crato foi considerado, “naqueles tempos, um dos melhores do Império”.
Decorridos quase 150 anos da sua instalação, o velho relógio da Sé de Crato ainda marca as horas com exatidão. Em 2003, o ex-Cura da Catedral, monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo, atual reitor do Santuário Eucarístico Diocesano, escreveu à fábrica de relógios Ungerer solicitando informações sobre o equipamento adquirido para a Paróquia de Nossa Senhora da Penha, no terceiro quartel do século XIX.

Acima, Theodore Ungerer, construtor do Relógio da Catedral de Crato, Cfe. site: http://phaffans.com/wp/?tag=equation-du-temps

Transcrevemos abaixo a correspondência recebida – e traduzida – por monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo:

Estrasburgo, 6-11-2003

A Mons. João Bosco Cartaxo Esmeraldo
Vigário Geral da Diocese de Crato-CE

Monsenhor,

Queirais perdoar o atraso desta resposta à vossa simpática mensagem de 21 de janeiro de 2003 e vossa carta de 7 de maio ao Vigário Geral de Estrasburgo, que me chegaram, há algumas semanas, somente após três meses de ausência.
Eu sou filho caçula de Thédore Ungerer (1894-1935) construtor do relógio Astronômico de Messina (Sicília) (1933), o maior do mundo com 50 autômatos, dos quais 48 desenhados por meu pai.
Para responder à vossa questão se há ainda a fábrica em Estrasburgo, eu anexo a esta carta um texto do Sr. Yann Cablot, dos Arquivos Departamentais do Baixo Reno.
Eu concluo que a firma Ungerer, fundada em junho de 1858, cessou definitivamente sua atividade, em janeiro de 1989.
Eu encontrei talvez traços de vosso relógio, no repertório dos Grandes Livros Ungerer, nos Arquivos Departamentais (73J45 pag.91, anexo) onde se encontra um pagamento de 1.130 Fr, em 27 de abril de 1860, “para o Brasil” (talvez uma conta (parcela?).
Em nome dos meus ancestrais, eu vos agradeço, Monsenhor, por vossa mensagem cordial e por vossas bênçãos e vos dirijo minhas saudações respeitosas e cordiais.
B.Ungerer

Teríeis a gentileza de me enviar uma foto da torre da Catedral, com o relógio Ungerer, para os Arquivos Departamentais? Obrigado antecipado.

Verificando o anexo que acompanhou a carta do Sr. Bernard Ungerer ao monsenhor João Bosco Cartaxo Esmeraldo, lemos uma relação manuscrita referente a 1860, onde constam as encomendas feitas à fábrica Ungerer & Frères, naquele ano. Na relação, uma anotação registra: “avril, 27 Caisse 1 – pour Le Brésil –37– 1.130 Fr (abreviatura da moeda francesa, o Franco)”
Donde se conclui que o atual relógio, ainda batendo as horas na Sé de Crato, foi adquirido por Dr. Marcos Antônio Macedo, em Estrasburgo, no dia 27 de abril de 1860, fato comprovado pelo cineasta Jackson Bantim, que fotografou a máquina do equipamento e lá consta o ano da fabricação: 1860. Este relógio – segundo pesquisa de Irineu Pinheiro – foi instalado na torre do lado sul da Catedral de Nossa Senhora da Penha no dia 21 de janeiro de 1863, pelo artesão Vicente Ferreira da Silva.

(*) Armando Lopes Rafael é historiador. Sócio do Instituto Cultural do Cariri e Membro Correspondente da Academia de Letras e Artes “Mater Salvatoris”, de Salvador (BA).

sábado, 28 de maio de 2011

Monsenhor Francisco de Assis Feitosa – por Heitor Feitosa Macêdo


Francisco de Assis Feitosa, conhecido popularmente como Monsenhor Assis, nasceu na freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Cococi, em Tauá, no sertão cearense dos Inhamuns, em seis de abril de 1893, tendo como progenitores: o tenente Emiliano Ferreira Ferro (filho do major Manoel Ferreira Ferro e Josefina Felizpátria Ferreira Ferro) e Epiphânia Estephânia Bandeira Ferrer (filha do capitão Salústio Tertuliano Bandeira Ferrer e Felismina de Matos Ferrer). Epiphânia, não era Feitosa, mas descendia de aristocrática família pernambucana e de “ingleses" ou "franceses”, segundo a tradição.

De acordo com o Tratado Genealógico da Família Feitosa (Leonardo, 1985:145), Monsenhor Assis foi o oitavo filho da decúria prole, apesar de outros sete irmãos terem falecido em tenra idade. De certo, rompeu os anos da puerícia na Fazenda Saco Virgem, avoenga herança de seu pai. Até que migrou para a cidade de Fortaleza a fim de firmar o voto eclesiástico no Seminário Episcopal do Ceará. Apesar de o Seminário São José, em Crato, ser contíguo aos Inhamuns, por conta de um surto de varíola fechou suas portas inúmeras e alternadas vezes, destarte, encerrou suas atividades pela primeira vez em 1877 até que em 1922 funcionou plenamente (O Levita, n°11).

Por isso, Francisco segue para o seminário de Fortaleza, segundo Irineu Pinheiro, em Efemérides do Cariri (1963:167): “dia sete de julho de 1909”; data em que consta estar matriculado em tal instituição sob o número 1244 (Álbum Histórico do Seminário Episcopal do Ceará, p. 222). Depois de concluir os estudos teológicos, vai para o Crato na condição de diácono. Na mesma urbe, foi lente e diretor interno do Colégio Diocesano (1917-1918), quando em 30 de novembro de 1917 ordena-se padre na capela do Seminário do Crato. Nesta ocasião fez-se presente o primeiro bispo da diocese caririense, D. Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, com quem estabeleceu fortes laços de amizade.

Em Tauá, como vigário, é nomeado, por D. Quintino, no dia 5 e empossado a 12 de Março de 1919, com a posterior exoneração em 13 de Fevereiro de 1921. Por conseguinte, retorna ao Crato, sendo nomeado Cura da Catedral do Crato a 8 de Janeiro e empossado a 12 de Março de 1921, ademais, exerceu o cargo de Pároco da Freguesia de Nossa Senhora da Penha até a data de sua morte em 30 de abril de 1952, sendo este o mais longo governo desta divisão territorial da diocese cratense. No dia 18 de Janeiro de 1926 recebe o título de Monsenhor. Também, foi conselheiro de D. Quintino e do segundo bispo do Crato, D. Francisco de Assis Pires. Ainda, foi sócio fundador do Hospital São Francisco, onde desempenhou a função de provedor a partir do ano de 1937, quando em 1944 deixa o cargo para perfazer o conselho permanente do mesmo. No mais, orientou prudentemente a respeito da ditadura e da seca de 1932, pois nesta, campos de concentração entre Crato e Juazeiro mantinham os desvalidos e famélicos, migrados de diversas regiões do Nordeste.

No ofício sagrado, fundou mais de quarenta associações religiosas. Deste modo, foi reconhecido pela Instituição Católica como: “um dos nossos parochos mais trabalhadores. Possuidor de um bello talento e de uma bondade de coração notável, o padre Assis tem conquistado, no seio da sociedade cratense, sympathias radicadas e grande admiração pelo seu proceder modelar” (Álbum do Seminário do Crato, P. 178).

Nos anos em que viveu na “Princesa do Cariri”, residiu na casa paroquial, ao lado da igreja matriz de Nossa Senhora da Penha, junto a sua mãe e aos sobrinhos, vindos também das plagas inhamunsenses. Destes, muitos deitaram raízes na cidade do Crato, e, alguns até mesmo, administravam-lhe os bens, gados e propriedades rurais, que não eram poucos, porquanto, todos os seus inúmeros sobrinhos herdaram algum dos seus haveres.

Monsenhor Assis, quando do seu falecimento, encontrava-se em João Pessoa (PB), com afã de tratar da saúde, na avenida Tambaú, hospedado na casa de um amigo, o esculápio Nelson Queiroz Carreira. Expirou no quarto em que dormia, provavelmente de infarto do miocárdio, em 30 de abril de 1952. Um de seus sobrinhos buscou-o, sendo que seu corpo foi sepultado no Cemitério Municipal do Crato a 1° de maio, ao lado de sua finada mãe. Sobre este acontecimento diz J. Lindemberg de Aquino em Roteiro Biográfico das Ruas do Crato (1969:35): “Modestíssimo, era o exemplo da pobreza, da humildade, da bondade em pessoa, onde se fundiam todas as excelentes qualidades de espírito e de coração (...) O seu sepultamento foi verdadeira consagração humana, ferindo a cidade de uma dor inconsolável pela perda daquele que lhe deu tanto de sua bondade e do seu exemplo”.

Ainda hoje, a inolvidável presença de Francisco é verberada pelos vetustos indivíduos que o conheceram. Instam os indeléveis predicados dispensados ao Monsenhor. Freqüentemente palra-se sobre a sua extrema lhaneza para com os pobres, a polidez no trato, a sua beleza física, sua retidão moral, o inexorável compromisso com a religião, dentre outros altaneiros elogios.

Mons. Assis Feitosa é o segundo, da esquerda p/ direita. na ocasião do velório de sua irmã, Maria de Santana Ferrer Feitosa. O outro, também de batina, é o historiador Padre Antônio Gomes de Araújo, irmão do esposo de Maria de Santana.

Autor: Heitor Feitosa Macêdo

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Intercessão valiosa - Emerson Monteiro

(Dada a participação do Cariri na Confederação do Equador, eis um dos seus episódios)
Das inúmeras ocorrências verificadas no decurso da Confederação do Equador, no Ceará, idos de 1824, episódio impressionante ficou registrado por Esperidião de Queiroz Lima, no livro Tempos Heróicos, que narramos aos que ainda não leram a referida publicação.
Trata-se da execução de um dos sentenciados pelo tribunal militar conhecido por Comissão Matuta, no mês de outubro daquele ano, instalado para punir as hostes rebeldes. Depois de julgados e condenados, cinco líderes republicanos seriam fuzilados no pátio da Cadeia Pública de Icó. Um desses, Antônio de Oliveira Pluma, autodenominado Pau Brasil, conforme sua assinatura no manifesto do movimento, insatisfeito com o resultado a que se via submetido, reagiu em altos brados, protestando misericórdia de quem ali se achava.
Recusara mesmo permanecer de pé, mas, sendo assim, forçaram-no em cordas a se sentar numa cadeira, onde, com olhos vendados, ainda pedia que o deixassem viver.
De nada lhe valeram as rogativas, pois logo em seguida o pelotão recebeu a ordem de preparação:
- Apontar!
E, ante os disparos iminentes, o pânico pareceu querer tomar a alma do condenado em face da morte inevitável, sob o monto de todo o idealismo que até ali dominara os atos de sua razão da existência. Outra vez, um gesto cresceu de sua voz, explodindo mais alto em reclamações de amparo, lançadas aos planos superiores:
- Valei-me, Senhor do Bonfim!
Nisto foi secundado pelo toque de comando: - Fogo!
Cessada a fumaceira, as balas achavam-se cravadas no muro onde o revolucionário permanecera incólume, sacudindo de espanto os presentes. Seguiu-se nova carga de munição. Restabeleceu-se a ordem preparatória, e se fez no ar outro grito de socorro:
- Valei-me, Senhor do Bonfim!
- Fogo! - foi a ordem marcial.
Resultado: o alvo manteve-se intacto. Os tiros voltaram a ferir tão só e apenas o muro, para desânimo da escolta. Em meio do inesperado, tonto, pálido, o comandante reclamava prática melhor de tiro a seus homens, visando manter os praças no cumprimento do dever, tratando de retomar as determinações da próxima tentativa, que foi precedida pelo mesmo grito do condenado, tão pungente quando sincero:
- Valei-me, Senhor do Bonfim!
Os disparos se deram, de acordo com a obediência. Desta vez Pluma fora atingido por algumas balas, mas continuava vivo, segundo narra em seu livro Queiroz Lima.
Os soldados de pronto se movimentavam para um quarto fogo. Nesse instante, a população presente, tocada de simpatia pelo confederado, se ergueu coesa e exigiu o direito do réu ser libertado, qual merecesse o valimento dos céus. Em seguida, essas pessoas levaram-no consigo, alheado e preso à cadeira do martírio, até à Igreja do Senhor do Bonfim, distante cerca de 200m do ponto onde a cena ocorrera, entre preces e benditos fervorosos.
Há registros do ano de 184l que dão conta de que o sobrevivente veio a ser titular da Promotoria Pública da comarca de Baturité, no Ceará, o que bem comprova sua resistência aos ferimentos naquele dia recebidos, na tentativa de execução de que fora objeto e sobrevivera, no município de Icó, 17 anos passados.

terça-feira, 24 de maio de 2011

A FESTA DA SANTA CRUZ DA BAIXA RASA


Artigo de Cacá Araújo, baseado em relatos populares.


Um vaqueiro vindo do Pernambuco atravessava a Floresta do Araripe. Chegando à Baixa Rasa parou para descansar. Exausto, faminto e fraco, resolveu ali ficar, à espera de que alguém passasse e pudesse lhe ajudar, saciando-lhe a fome e a sede. Sua valentia de sertanejo ainda o ajudou a resistir por alguns dias. 

O corpo sem forças. O desespero e a agonia já o dominavam quando, mesmo com a vista turva, conseguiu ver um grupo de homens montados em burros, que seguiam em comboio, certamente transportando mercadorias. Tentou gritar, mas sua voz, quase apagada pela tirania da fome e da sede, produziu apenas um fraco sussurro. Não foi ouvido e os homens seguiram seu destino rumo ao Crato.

Repentinamente um dos comboieiros, numa avivada de consciência, disse aos camaradas que lá para trás tinha visto um homem caído bem na beira da rodagem. Voltaram para ajudá-lo, mas ele já havia morrido. Morte silente, testemunhada pelos pássaros e pelas plantas que pareciam chorar diante daquele quadro de desventura. Encontraram-no sobre folhas secas, a cabeça escorada numa raiz de árvore, os olhos abertos ainda reclamando um sopro de misericórdia. Fecharam-lhe os olhos. Libertaram sua a alma. Seu corpo foi enterrado ali mesmo, no palco encantado de seu teatro de agonia. Com varas da mata fizeram a cruz que cravaram em sua cova. Isso aconteceu, segundo relatos, nos idos de 1880. Nascia, assim, o mito da Santa Cruz da Baixa Rasa. 

O martírio daquele vaqueiro foi divulgado pelo grupo de comboieiros ao povo da região. Tomados pela compaixão e motivados pela forte religiosidade, os moradores dos arredores passaram a freqüentar o lugar e rezar por sua alma, a fazer promessas, a suplicar milagres.

São diversas as histórias sobre a origem do mito. Mas o real é que vários milagres são atribuídos Santa Cruz da Baixa Rasa, dentre eles o atendimento a uma promessa feita por uma senhora, em 1914, quando uma terrível peste espalhou-se por diversos pontos do Nordeste. Ela, com inabalável fé, pediu que a epidemia não chegasse ao Cariri. Foi atendida e o povo da região ficou livre da doença. Essa senhora era conhecida como Vó Pretinha, matriarca da família Estêvão, família que até hoje mantém a tradição de rezar aos pés da Santa Cruz da Baixa Rasa.

Muitas graças foram e são alcançadas e, todo 25 de janeiro, uma grande romaria de devotos acorre ao local, que fica a cerca de 20 quilômetros da cidade do Crato, dentro da Floresta Nacional do Araripe. 

Uma clareira aberta no coração da mata virgem. Ventos soprando a ancestralidade de um povo religioso, que ainda tem o privilégio de conviver com a natureza divina, mãe de todas as crenças e mitos e desejos e esperanças. Um oráculo nordestino onde os filhos da terra procuram respostas que lhes livrem da ação implacável da esfinge que a todo tempo lhes apavora com a possibilidade de condenação ao inferno. Aqui e “adepois”.  A Santa Cruz da Baixa Rasa é magia matuta. É a busca incansável da felicidade. É o céu que se insinua aos impuros que buscam a clemência de Deus. 

Purgar os pecados, pagar promessas, cantar, rezar pela cura e por querer ser feliz. Aqui, instala-se um ritual misto de sagrado e de profano: missa, devotos, benditos, vaqueiros, bandas cabaçais, reisados, maneiro pau, penitentes, cantadores de viola, políticos d’aqui e d’acolá, pesquisadores, curiosos. É o espírito da devoção e da festa, como no princípio, onde o sagrado e o profano eram um só.   

NOSSA IDENTIDADE PULSA


Cacá Araújo
Professor, Dramaturgo, Folclorista




O Folclore nordestino é a expressão máxima da fusão de mundos que se deu no doloroso processo de colonização em terras brasileiras. Neste contexto, o Cariri cearense é uma das maiores vitrines da cultura tradicional popular, mostrando raízes profundas e demonstrando resistência e teimosia quando se trata da manifestação de folguedos, brincadeiras e festas tradicionais que nos remetem à nossa ancestralidade. 

Às novas gerações deve ser ofertado o banquete das matrizes culturais que podem explicar o passado, consolidar a identidade e fortalecer o espírito de soberania, sentimento de pertença e auto-estima. Os folguedos populares, patrimônios imateriais, são peças fundamentais da antropologia, posto que contam sobre costumes, crenças, comportamento, organização social.

Cientes da importância estratégica da cultura no desenvolvimento da nação, a sociedade e os poderes públicos devem atuar fortemente na organização e defesa das manifestações tradicionais populares, procurando, neste sentido, resgatar, preservar e difundir o Folclore e a Cultura Popular como referências na manutenção e desenvolvimento da alma nordestina e brasileira. 

Nós somos um povo plural, como todos os outros, em todos os aspectos, o que não significa dizer que tenhamos que ser depositários do lixo cultural produzido pela humanidade. Ser plural é possuir variadas dimensões numa mesma existência; é contemplar no indivíduo a multiplicidade do espírito e do imaginário formadores da alma do povo, sacralizada e profanada pela mesma mão. Tudo obrado não pelo acaso, mas fruto do amalgamar que os séculos anteriores ofertaram em festa, em guerras, em tempos de bom e de mau humor dos ritos da natureza, dos animais, dos homens, das coisas.  

Precisamos fortalecer o movimento em defesa da cultura tradicional popular como forma de resgatar as mais profundas raízes dos povos do sertão nordestino, tomando-as pela universalidade, evidenciando as manifestações que traduzem a variedade de influências que marcaram a alma do nosso povo: o canto, a dança, o verso, a música, a religiosidade, a história.

Nestes tempos de neo-imperialismo, devemos construir um caminho original e naturalmente legítimo de autodeterminação cultural, sem negar as raízes formadoras e afirmando uma cultura própria, resultante desse caldeamento que se insere no contexto histórico e não cessa, ganhando e perdendo novos elementos, seguindo o curso dialético da transformação cotidiana de homens e povos. 

Fortaleçamos as trincheiras de combate à agressão cultural perpetrada pelo império dos potentados da economia mundial, que contam com a complacência de muitos agentes da mídia e da política nacional a serviço de interesses estranhos à Nação brasileira.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

GEORGE GARDNER : A LONGA ARTE DE UMA VIDA BREVE (Parte I)


S. A. T. O. R.
A. R. E. P. O.
T. E. N. E. T.
O. P. E. R. A.
R. O. T. A. S.

( Palíndromo latino encontrado por Gardner
em Pernambuco, utilizado magicamente para cura
de mordeduras de cobras, significando :
“O Criador mantém cuidadosamente o mundo em usa órbita”)

Inseridos no contexto político-histórico-cultural brasileiro, os habitantes de Pindorama têm a vista um pouco borrada pela beleza circundante. Atores e atrizes da tragicomédia tupiniquim sequer percebemos as mudanças de cenário, de figurino de adereços ao nosso derredor. O distante olhar estrangeiro sempre se mostrou importante para que nós compreendêssemos melhor os caminhos traçados pela jovem Nação Brasileira. O Século XIX(Foto 1)


Foto 1 – Mapa do Brasil Colônia
talvez tenha sido o período de ouro da vinda destes ilustres visitantes , dentre os quais eminentes naturalistas. O Visconde de Taunay (1800-1892) compilou algumas destas importantes presenças. Lembremos alguns: Langsdorff (1803 e 1813);Henry Koster (albor do Século XIX); Sellow (1814); Saint-Hilaire(1816 a 1822); Spix e Gaudichaud (1817); Lund(1825); Spruce(1849); Franz Müller(1852); Schwacke(1873) e muitos, muitos outros. Para o Ceará e especialmente para o Cariri, nenhum destes viajantes foi tão importante quanto George Gardner ( 1812-1849). Ele esteve no Cariri entre Setembro de 1838 até os primeiros meses de 1839 e simplesmente traçou o melhor retrato da nossa região no segundo quartel do Século XIX. Gardner encontrou um Crato de apenas 2000 habitantes, a maior parte de índios e mestiços. Presenciou ainda a rebeldia dos índios cariris e denunciou a vila por sua baixa moralidade e por perfazer um “esconderijo de assassinos”. A ocupação principal do povo era o carteado e os dois padres da cidade viviam maritalmente, com uma récua de filhos. Descreveu ainda o primeiro comerciante importante da cidade de que se tem notícia : “Francisco Dias Azede e Melo”. A vilazinha possuía, segundo noticiou, apenas um sobrado e as demais casas todas térreas. Irineu Pinheiro acredita que este sobrado provavelmente era na Rua do Pisa , onde nasceu o famoso Padre Cerbelon Verdeixas. Visitou Gardner alguns engenhos de açúcar, máxime o do Capitão João Gonçalves e fez uma detalhada descrição do feitio da rapadura . Ele foi ainda, talvez, o primeiro cientista a explorar os fósseis caririenses. Os fósseis classificados por George Gardner chegaram ás mãos do cientista Louis Agassiz(Foto2),

Louis Agassiz (1807-1873)
ainda em 1841 e este publicou um primeiro estudo sobre os eles: “On The Fossil Fishes Found by Mr. Gardner in the Province of Ceará in the North of Brazil”. Não bastasse isto, Gardner relatou uma Festa da Padroeira N. S. da Conceição e aquele que é o pioneiro relato de uma Banda Cabaçal. Reportou-se ainda àquele que seria o primeiro tratamento médico na região, quando ele curou a esposa do Capitão João Gonçalves de uma Oftalmia. No Cariri visitou ainda Jardim onde colheu vários fósseis numa localidade conhecida por Mundo Novo. Em Carta encaminhada ao presidente da Província de Pernambuco, Francisco Rego Barros- o Conde da Boa Vista( publicada numa segunda feira, em 16/06/1938, no Diário de Pernambuco) , ele narra o suicídio coletivo perpetrado pelos sebastianistas em Pedra Bonita ( hoje, São José do Belmonte, ocorrido entre 14-18 de Maio de 1838) (Foto 3)

Foto 3: Pedra Bonita palco da tragédia dos sebastianistas,
comandado pelo mameluco João Antônio dos Santos em 1838.

Visitou ainda Lavras da Mangabeira, as Guaribas, o Brejo Grande ( atual Santana do Cariri), o Olho D´àgua do Inferno,Poço do Cavalo (cercanias de Nova Olinda?), Cachoeira (proximidades de Potengi?), Rosário ( arredores de Araripe?) e finalmente Várzea da Vaca ( atual Campos Sales) . Não tendo pendores para a pintura, durante todo o percurso fez uma belíssima descrição literária da viagem, além de pontificar com esmero científico, aquilo que se tornara sua especialidade, a grandiosa fauna caririense. Foi no Cariri, ainda que Gardner sofreu na Fazenda Massapê, na Vila do Jardim, o acidente mais dramático da sua viagem. Em 03/01/1838, bateu com a cabeça num galho de árvore, tendo ficado desacordado por vários dias. Teria este trauma ligação com o possível Acidente Vascular Cerebral que terminou por ceifar-lhe a vida prematuramente, dez anos depois ?

J. Flávio Vieira

GEORGE GARDNER : A LONGA ARTE DE UMA VIDA BREVE (Parte II)


George Gardner – Uma Breve Biografia

GEORGE GARDNER, nasceu em maio de 1809 em Ardentinny(Foto 4), na Escócia, onde seu pai , nativo de Aberdeen, atuava como jardineiro para o conde de Dunmore.


Foto 4- Ardenttiny

Quem sabe o sobrenome Gardner não tenha se somado ao da família por conta da atividade profissional do seu genitor? Ele era o segundo filho de uma família humilde. Em 1816 seu pai tornou-se jardineiro em Ardrossan ( a 36 Km de Glasgow e 45 Km de Ardentinny) e lá Gardner freqüentou a escola paroquial até o ano de 1822, quando seus pais mudaram-se para Glasgow( Foto5).

Foto 5 – Glasgow, High Street, Século XIX

Subseqüentemente, ele foi ao interior e passou um tempo considerável explorando as regiões dos diamantes. Ele foi infatigável em sua missão, e suas longas e cansativas jornadas apresentavam freqüentemente aventura e perigo. Cinco anos – de 1836 a 1841 – foram passados no Brasil.
Antes de seu retorno em 1841, ele fez uma visita de despedida à serra dos Órgãos, cujo objetivo, conforme ele narrou em uma de suas cartas, foi para “fazer uma coleção de alguns arbustos finos e plantas herbáceas que eram encontradas nos níveis mais altos”, daquela escalada e levá-las vivas consigo. Depois de ir para o interior, ele encontrou dificuldades em enviar estas plantas sem sofrer algum tipo de danos. Mesmo assim, ele continuou a preservar grandes coleções para o herbário, que, com as sementes e plantas vivas podiam suportar a viagem pelo interior e seriam enviadas assim que houvesse uma oportunidade. Algumas das Melastomaceae, como a Pleroma benthamianum e a multiflora podem ser mencionadas entre o número das que ornamentam toda grande coleção de plantas que coletou.
Fósseis e Medicina
Apesar da botânica ser, naturalmente, sua busca principal, Gardner tinha sempre um olho no que seria de interesse a outros departamentos de história natural – portanto suas coleções foram acrescidas com minerais, conchas fossilizadas ou recentes, peles conservadas de pássaros, peixes, etc. ao mesmo tempo, ele não negligenciou as aquisições de espécies relativas à Medicina. Nas suas jornadas longas, ele sempre carregou seus instrumentos cirúrgicos e fez várias cirurgias importantes com pleno sucesso, as quais não somente melhoraram suas finanças, mas também lhe deram bons amigos – assim assegurando um grau de respeitabilidade, conforto e, em alguns casos, segurança entre as tribos nativas.Imaginem a importância de uma espécie rara como um médico no interior do Brasil, na maior parte das vilas, certamente, terá sido o primeiro esculápio a aportar por ali, até 1789 ( meio século antes da sua chegada ao Rio) o Brasil todo só possuía quatro médicos. Enquanto cuidava de seus trabalhos variados, ele mantinha sua correspondência com regularidade surpreendente, escrevendo freqüentemente para Sir William Hooker e Mr. Murray e ocasionalmente para os mais destacados botânicos estrangeiros da atualidade. Muitos dos seus trabalhos e cartas foram publicados por Sir William no “Jornal de Botânica”. Em um desses trabalhos, datado de 3 de setembro de 1840 e enviado da Província de Minas, ele refere-se à morte do seu generoso patrono, o Duque de Bedford, evidenciando a profunda gratidão pela qual ele foi movido. Nem negligenciou declarações elogiosas à conduta do benfeitor, em sua carta, como também demonstrou muito apreço em relação aos seus amigos de juventude tais como o Dr. Joseph Hooker e a família do Sr. Murray.

Na nova cidade ele foi matriculado na escola gramatical, e, no curso dos seus estudos, adquiriu um bom conhecimento do latim. Logo cedo, ele havia absorvido, provavelmente devido à ocupação do seu pai, um gosto pela botânica, mas foi talvez mais por acidente do que por desígnio que ele, subseqüentemente, devotou a sua vida a esta ciência.

A Medicina
Ele começou seus estudos em medicina na Universidade Andersoniana de Glasgow, e continuou, durante as aulas de verão e inverno de 1829 a 1832 dedicando-se aos seus estudos com zelo e grande perseverança. Terminou por auferir honras acadêmicas de alta distinção. Em 1830 ele entrou para a Sociedade Médica de Glasgow e, durante esse ano, e 1831-32, a sua presença na Real Enfermaria foi muito assídua.

A Botânica
Ainda no meio desses árduos estudos, ele encontrava prazer para entregar-se à sua inclinação primeira : a Botânica. Seus primeiros rudimentos de ciência foram obtidos do Dr. Rattray e continuou a melhorar fazendo passeios de estudos botânicos pelos campos e visitas freqüentes ao Jardim Botânico, junto com o curador deste, o Sr. Stewart Murray com o qual ele criou um elo de amizade que durou até o dia da sua morte. Através do Sr. Murray, descobriu em um dos seus passeios, a rara Nuphar minima ou pulima, no lago Mugdock e tornou-se conhecido de Sir William J. Hooker(Foto6), o eminente professor de botânica da Universidade de Glasgow.

Foto 6 – William Hooker

Então ele passou a freqüentar as aulas de botânica de Sir William que o teve em alta estima, percebendo seu caráter ímpar e seu talento. Como aluno, ele fez várias excursões botânicas às Terras Altas (Highlands) com o professor e sua turma; e a essa intimidade com o professor pode-se atribuir a mudança importante na sua carreira futura.

A Formatura
Gardner obteve seu diploma como cirurgião pela Faculdade de Médicos e Cirurgiões de Glasgow com alta distinção em 1835.

Foto 7 – Universidade de Glasgow
Enquanto isso ele havia se familiarizado, também, com as plantas e flores da Escócia e estudado botânica criptogâmica com tanto sucesso que, em 1836, ele editou um trabalho, intitulado “Musci Britannici ou Herbário de Bolso de Musgos Britanicos”, classificados e nomeados de acordo com a “British Flora” de Hooker. Este trabalho foi recebido com encômios e mostrou-se de grande valor para os estudiosos de musgos. As espécies são graciosamente classificadas e o trabalho alçou importância científica, já que Gardner não só teve acesso livre à esplendida biblioteca de Sir William Hooker, como também alcançou o benefício de sua assistência pessoal.

A Expedição
Uma cópia do “Musci Britannici” havendo chegado às mãos do Duque de Bedford– muito conhecido pelo interesse que demonstrava pela ciência botânica – este se tornou um espécie de Mecenas e encorajou fortemente a sua ambição em proceder a uma missão exploradora no exterior. Após a morte do botânico Drummond, cujos trabalhos no Texas e em partes da América Central haviam enriquecido grandemente o Jardim Botânico Real, os diretores dessa instituição com fins de promover a ciência, se viram na necessidade de empreender acordos e arranjos para excursão de Gardner ao norte do Brasil, a fim de explorar a rica botânica daquele país. Como no caso de Drummond, Sir William Hooker responsabilizou-se em procurar interessados na empreitada, tanto para arcarem com os gastos da missão, como para a receptação das espécies que seriam coletadas. O curador, ao mesmo tempo, concordou em subdividir com equidade as sementes e plantas vivas que seriam enviadas para o país. Muitos jardins botânicos públicos, como também nobres e cavalheiros se fizeram patrocinadores, e assim, por uma quantia irrisória tiveram suas coleções imensamente enriquecidas. Dentre outros, o Duque de Bedford fez-se um contribuinte generoso. Tendo se cumprido todos os trabalhos preliminares para a partida de Gardner, Sua Graça não apenas ofereceu o seu filho, Lord Edward Russel, comandando a estação americana, em seu benefício, como lhe assegurou uma passagem grátis em um dos navios de Sua Majestade . Gardner, porém, educadamente declinou, preferindo a privacidade maior de um navio mercante, onde ele teria o prazer de estudar e, especialmente, melhorar os seus conhecimentos de espanhol e português. Longe de estar ofendido, o duque, magnânimo, enviou um cheque de 50 libras para cobrir a passagem.

J. Flávio Vieira

GEORGE GARDNER : A LONGA ARTE DE UMA VIDA BREVE ( Parte III)

No verão , em 14/03/1836, partiu de Glasgow e já no dia 20, Gardner embarcou de Liverpool (Foto 8) a bordo do barco “Memnon”.


Foto 8 – Liverpool na época de Gardner

Depois de uma travessia sem maiores atribulações, aportou no Rio de Janeiro em 23 de Julho do mesmo ano(Foto 9).


Foto 8 -Rio de Janeiro quando Gardner
desembarcou em gravura de Debret.

A beleza natural da cidade logo o cativou e escreveu para casa com termos ardorosos , descrevendo suas primeiras impressões. No meio de um cenário tão tentador para um naturalista, Gardner não ficou muito tempo inativo. Ele fez excursões freqüentes nos arredores do Rio e especialmente à Serra dos Órgãos. Nestes passeios, ele foi freqüentemente acompanhado pelo Dr. Miers, um cavalheiro residente no campo, de cuja bondade ele sempre falava nos melhores termos. Sua primeira coleção de plantas, sementes e espécies do herbário, foi extraída principalmente desta área. Esta coleção foi trazida para a Inglaterra em excelente condição e mostrou-se altamente interessante. Continha muitas orquídeas(Foto 10), (liliaceae?), palmeiras, etc.

Foto 10 – Catleya walkeria , orquídia descoberta por Gardner.

Subseqüentemente, ele foi ao interior e passou um tempo considerável explorando as regiões dos diamantes. Ele foi infatigável em sua missão, e suas longas e cansativas jornadas apresentavam freqüentemente aventura e perigo. Cinco anos – de 1836 a 1841 –foram passados no Brasil.
Antes de seu retorno em 1841, ele fez uma visita de despedida à serra dos Órgãos, cujo objetivo, conforme ele narrou em uma de suas cartas, foi para “fazer uma coleção de alguns arbustos finos e plantas herbáceas que eram encontradas nos níveis mais altos”, daquela escalada e levá-las vivas consigo. Depois de ir para o interior, ele encontrou dificuldades em enviar estas plantas sem sofrer algum tipo de danos. Mesmo assim, ele continuou a preservar grandes coleções para o herbário, que, com as sementes e plantas vivas podiam suportar a viagem pelo interior e seriam enviadas assim que houvesse uma oportunidade. Algumas das Melastomaceae, como a Pleroma benthamianum e a multiflora podem ser mencionadas entre o número das que ornamentam toda grande coleção de plantas que coletou.

Fósseis e Medicina
Apesar da botânica ser, naturalmente, sua busca principal, Gardner tinha sempre um olho no que seria de interesse a outros departamentos de história natural – portanto suas coleções foram acrescidas com minerais, conchas fossilizadas ou recentes, peles conservadas de pássaros, peixes, etc. ao mesmo tempo, ele não negligenciou as aquisições de espécies relativas à Medicina. Nas suas jornadas longas, ele sempre carregou seus instrumentos cirúrgicos e fez várias cirurgias importantes com pleno sucesso, as quais não somente melhoraram suas finanças, mas também lhe deram bons amigos – assim assegurando um grau de respeitabilidade, conforto e, em alguns casos, segurança entre as tribos nativas.Imaginem a importância de uma espécie rara como um médico no interior do Brasil, na maior parte das vilas, certamente, terá sido o primeiro esculápio a aportar por ali, até 1789 ( meio século antes da sua chegada ao Rio) o Brasil todo só possuía quatro médicos. Enquanto cuidava de seus trabalhos variados, ele mantinha sua correspondência com regularidade surpreendente, escrevendo freqüentemente para Sir William Hooker e Mr. Murray e ocasionalmente para os mais destacados botânicos estrangeiros da atualidade. Muitos dos seus trabalhos e cartas foram publicados por Sir William no “Jornal de Botânica”. Em um desses trabalhos, datado de 3 de setembro de 1840 e enviado da Província de Minas, ele refere-se à morte do seu generoso patrono, o Duque de Bedford, evidenciando a profunda gratidão pela qual ele foi movido. Nem negligenciou declarações elogiosas à conduta do benfeitor, em sua carta, como também demonstrou muito apreço em relação aos seus amigos de juventude tais como o Dr. Joseph Hooker e a família do Sr. Murray.

O Itinerário

Foto 11- Itinerário de Gardner

Gardner desembarcou no Rio de Janeiro e explorou a Serra dos Órgãos, embarcando depois para Salvador, Recife, Alagoas e para a desembocadura do Rio São Francisco. Partiu então para o Ceará onde desembarcou em Aracati, seguindo em lombo de burro para Icó , Lavras da Mangabeira, chegando no Crato em setembro de 1938 e tendo permanecido explorando a região até janeiro de 1939.Seguiu então para o Piauí, percorrendo parte do Maranhão, de Goiás, Tocantins, Minas Gerais ( Diamantina e Ouro Preto) e finalmente chegando ao Rio de Janeiro. Em março de 1841 procedeu ainda à outra excursão à Serra dos Órgãos que durou mais de um mês. Em maio de 1841 retomou o percurso de volta à Inglaterra com uma escala exploratória em São Luiz do Maranhão. Gardner percorrera , no Brasil, cerca de 10.000 Km, visitando regiões inóspitas, sujeito a moléstias tropicais, ataques de índios, aos rigores climáticos , à total falta de infra-estrutura de estradas, trilhas, mantimentos, víveres.

De Volta à Inglaterra
Gardner embarcou a bordo do navio “Gipsey” em 06/05/1841, tendo ainda parado no Maranhão, para carregamento da embarcação, só prosseguindo viagem em 08 de Junho. Chegando por fim à Inglaterra em 18/07/1941, após quase cinco anos de viagem. Em 1842, não muito depois do seu regresso, Gardner foi eleito professor de botânica na Universidade Andersoniana.(Foto 12)


Foto 12- Herbário de Kew , onde Gardner trabalhou após sua volta

Trouxe um rico herbário de mais de 6000 espécies. Enquanto isso, ele se ocupou preparando material para o seu diário sobre o Brasil, com intenção de logo vê-lo publicado. Porém o trabalho ainda estava incompleto, quando, em 1843, ele foi indicado pelo governo colonial do Ceilão( hoje Sri Lanka) como botânico e superintendente do jardim botânico existente ali. Esta indicação deveu-se à influência de seu infalível amigo Sir William Hooker, que havia sido anteriormente promovido ao posto de diretor geral dos Jardins Reais em Kew (um bairro de Richmond upon Thames, no sudoeste de Londres). É famoso por ser a sede dos Jardins Botânicos Reais de Kew, do Palácio Kew e dos Arquivos Nacionais do Reino Unido). Ainda em Londres, recebendo instruções antes do embarque, ele foi tratado com muita bondade por Lord Stanley, agora Conde de Derby. De 1842 a 1848 ele publicou no London Journal of Botany, dirigido por Hooker, sua “Contributions towards a Flora of Brazil”. Gardner ,tendo visitado regiões não exploradas por Karl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868) , em muito contribuiu com material e observações para a publicação do clássico definitivo, considerado uma das maiores obras de Botânica de todos os tempos: “Flora Brasiliensis” de Martius ( publicada paulatinamente de 1840 a 1906).


Foto 13 – Von Martins (1794-1868)

J. Flávio Vieira