sábado, 20 de novembro de 2021

Apresentando o novo livro de Francisco Luiz Soares (por Armando Lopes Rafael)

Mesmo que você esteja em uma minoria, a verdade ainda é a verdade.
Mahatma Gandhi

   O professor e advogado Francisco Luiz Soares está lançando este novo livro – “A República dos Infiéis– A maldição do Imperador continua” – no qual aprofunda a análise da interminável “crise republicana” brasileira. Neste trabalho ele analisa os últimos “mandatos presidenciais” no Brasil, ou seja, os de 1990 aos dias atuais. Este volume é a continuação do livro anterior do autor – A Maldição do Imperador – lançado em 2000, fruto de exaustivas pesquisas, por ele feitas, sobre o inegável fracasso da forma de governo republicana na nossa pátria. A bem dizer, ambas as obras – sérias, profundas, oportunizando boas reflexões – proporcionarão ao leitor traçar um paralelo entre a honradez do Brasil Imperial e os desmandos tão corriqueiros no atual Brasil Republicano. 

    O conjunto dos dois livros tem o mérito de realçar o elevado espírito público do nosso último Imperador, Dom Pedro II. Sobre o período monárquico cumpre-nos acrescentar que durante muito tempo, a historiografia oficial brasileira escondeu o fato de que, nos reinados dos imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II, nossa pátria passou por um grande surto de progresso.

Sobre o primeiro volume
    Um rápido comentário se faz necessário sobre o livro anterior do Dr. Francisco Luiz Soares (“A Maldição do Imperador”).  Após a segunda metade do século XIX, o Governo Imperial Brasileiro fez grandes investimentos na construção de estradas e melhoria dos nossos portos, favorecendo o escoamento dos produtos agrícolas e comerciais, melhorando a comunicação entre as províncias (hoje chamadas de Estados).  Diga-se, de passagem, que nossa economia era extremamente diversificada.

   Tivemos, sob a forma de governo monárquica, uma inflação média anual de apenas 1,58%.  O Brasil, nos tempos imperiais, era considerado um país do “Primeiro Mundo”, ao lado da Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra. Naqueles 67 anos (1822–1889), nosso país teve iniciativas de vanguarda no desenvolvimento científico e tecnológico, notadamente na construção de quilômetros de ferrovias e no pioneirismo do uso do telefone.

    Durante a monarquia, o Brasil possuía a segunda Marinha de Guerra do mundo. O nosso Parlamento era comparado com o da Inglaterra. E a diplomacia brasileira era uma das mais importantes do mundo de então. Diversas vezes, o Imperador Dom Pedro II foi chamado para ser o árbitro de questões envolvendo a Itália, França e Alemanha. A autoridade moral do monarca brasileiro era comparada à do Papa.

   O atual Chefe da Casa Imperial Brasileira, Príncipe Dom Luiz de Orleans de Bragança, em 1989 (no centenário da “proclamação” da República), sintetizou o que foi o grandioso Império do Brasil. Escreveu ele, naquela ocasião: “Cem anos já se passaram, e os contrastes entre o Brasil atual e o Brasil Império só têm crescido. No tempo do Império, havia estabilidade política, administrativa e econômica; havia honestidade e seriedade em todos os órgãos da administração pública e em todas as camadas da população; havia credibilidade do País no exterior; havia dignidade, havia segurança, havia fartura, havia harmonia” ...

     Bem diferentes são os atuais tempos republicanos...


    Constrange-nos, como cidadãos e patriotas, fazer algumas comparações entre aquela fase – acima descrita – e o atual Brasil Republicano. Fica patente, nesse confronto de ações, a decência, brio, altivez, decoro e correção dos que nos governaram sob a monarquia. Já o que vemos e sofremos nos governos da República nem precisa comentar...

Sobre o segundo volume
   Falemos agora sobre a segunda obra de Francisco Luiz Soares (“A República dos Infiéis– A maldição do Imperador continua”). Ela transmite aos nossos ouvidos a lembrança do som dos carrilhões do honrado Império Brasileiro. Este segundo livro pode lembrar, também, uma passagem bíblica, aquela da “voz que clama no deserto”. Entretanto, sua leitura permite-nos colocar o dedo nas feridas das recentes “crises” governamentais, agravada hoje com a interferência de um poder sobre outro. Comprometendo a independência constitucional assegurada aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

    Mas, por outro lado, o conteúdo deste livro vem ao encontro do despertar (atualmente verificado na população brasileira) através do sentimento de indignação (que parecia ter desaparecido) mas está mais vivo do que nunca. Basta lembrar as multidões que, desde 2016 – vestidas de verde-amarelo e com a bandeira brasileira às mãos – saíram às ruas para protestar contra o descalabro das recentes administrações republicanas. Naqueles protestos, tantas vezes vimos e ouvimos o coro do povo a gritar: “Queremos o nosso Brasil de volta” ou ainda “A Nossa bandeira jamais será vermelha” ...

      Não seria isso a constatação (por parte do inconsciente coletivo) de que a República falhou irremediavelmente entre nós? Nenhum brasileiro, em sã consciência, pode afirmar – de boca cheia – que a República deu certo no Brasil. São atualíssimas, portanto, as palavras proferidas por Cristo Jesus (cf. Mateus 13, 10-17): “Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram".  

   Fica a reflexão para os dias futuros deste rico e imenso país continental, que tem tudo para dar certo. E se não atingiu esse desiderato é porque a forma de governo não vem ao encontro das aspirações populares... Como será o nosso amanhã? Não sabemos. Mas não nos custa conjecturar de que ainda existe uma força coletiva motivando a recolocarmos nos trilhos o nosso Brasil. Feito isso prosseguiremos na busca do lugar para onde nossa pátria foi escolhida – pela Divina Providência – quando, nos seus albores, chegou a ser chamada Terra de Santa Cruz. E cujo ápice de seriedade administrativa foi exatamente nos tempos do Império do Brasil. Parabéns ao Dr. Francisco Luiz Soares pela sua valiosa contribuição – através dos seus dois livros acima analisados – que mostram uma luz no fim do túnel para a crise de governabilidade que se abate sobre o Brasil, iniciada na fatídica data de 15 de novembro de 1889 e agravada, seriamente, nos dias atuais..

          Honra ao Mérito!

Armando Lopes Rafael
Historiador