segunda-feira, 23 de maio de 2011

GEORGE GARDNER : A LONGA ARTE DE UMA VIDA BREVE ( Parte IV)


Rumo ao Ceilão

Ao chegar ao Ceilão ( hoje Sri Lanka), sua primeira providência foi toda dedicada ao Herbário de Peradeniya , onde foi Diretor no período de 1844-1849.



Foto 14 – Localização do Ceilão ( Sri Lanka)


Foto 15 – Colombo, no Ceilão, na época da chegada de Gardner

Ele o consertou, reaparelhou-o e fez grandes melhorias. Então ele começou a fazer excursões na ilha, enriquecendo assim o jardim com os frutos de suas jornadas. Ele os enviava também para os jardins botânicos da Inglaterra, especialmente o de Kew, obtendo em troca produtos de outros lugares – América do Sul, Índias Ocidentais, etc. – para o jardim do Ceilão. Durante suas caminhadas ele descobriu a “upas” (Antiaris toxicaria (Upas ou Ipoh), que anteriormente não se sabia existirem no Ceilão. Um escritor em um dos jornais do Ceilão, cujo artigo foi copiado para o “Chamber’s Journal” diz:
- “Quando retornamos a Komegalle, tivemos a sorte e o prazer de ter em nossa companhia o Dr. Gardner, o eminente botânico, em cuja companhia a mais insignificante planta ou flor passa a ganhar um interesse de nossa parte em relação a ela, pois ele sempre tem algo instrutivo sobre a mesma para nos transmitir. Na nossa jornada de volta a Kandy, ele descobriu a “upas”, que crescia a poucas milhas de Komegalle. Ela não era conhecida antes de crescer no Ceilão.”(


Foto 16 – Kandy no Ceilão , antiga capital, onde Gardner viveu.

O Livro
A posição e eminência de Gardner como botânico o levaram a uma extensiva correspondência sobre suas funções oficiais , ajustando-as de tal maneira que fosse possível, logo depois de sua chegada no Ceilão, terminar a organização dos seus escritos sobre o Brasil, que foram publicados em Londres pela Reeves Brothers em 1846. O trabalho, de 562 páginas e 8 volumes, é intitulado “Viagens ao interior do Brasil, principalmente pelas Províncias do Norte e Distritos do Ouro, durante os anos de 1836-41.”


Foto 17 – Fac- Símile da aprimeira edição do “Travels…”

Foi muito favoravelmente recebido, sendo muito popular em seu estilo, interessando aos leitores em geral, não desapontando assim, as expectativas deste homem de ciência. Republicado em inglês em , 1849 e em 1973.
Lord Torrington, governador do Ceilão, provou ser um amigo gentil e patrono de Gardner, dando-lhe grandes condições de divulgar seus trabalhos botânicos; assim também o fez Sir James Emerson Tennent, o secretário. Esses honrados nomes são constantemente mencionados com grande sentimento em suas cartas.
No Brasil a parte relativa ao Ceará, de seu livro “Travels in the interior of Brazil (1846)”, foi publicada na Revista do Instituto de Ceará (1912), graças a uma tradução de Alfredo de Carvalho. A primeira tradução completa só viria apenas em 1942, traduzido por Albertino Pinheiro, com o título “Viagem ao Interior do Brasil”. (São Paulo: Cia. Ed. Nacional, 1942. 468 p.)


Foto 18 – Capa da primeira edição brasileira (1942)

e reeditada em 1975, pela Editora da Universidade de São Paulo, numa tradução de Mílton Amado(Foto 19).


Foto 19 – Capa da segunda Edição ( 1975)

J. Flávio Vieira