quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Fideralina Augusto Lima - Emerson Monteiro

Eu nasci 30 anos depois que ela desapareceu, e no mesmo pouso de onde comandara o seu clã, o Sítio Tatu, em Lavras. Desde cedo ouvi falar em minha trisavó, Fideralina Augusto Lima, avó de meu avô Amâncio e de minha avó Lídia, primos e naturais do tronco familiar.

Ela nascera na Vila de São Vicente Ferrer das Lavras, no dia 24 de agosto de 1832, filha de Isabel Rita de São José e do Major João Carlos Augusto.Pelo lado materno, era bisneta de Francisco Xavier Ângelo, Capitão-Mor e Comandante-Geral da Vila de São Vicente Ferrer das Lavras. Filha mais velha dentre onze irmãos, casara com o Major Ildefonso Correia Lima, Capitão da 1.ª Companhia do Batalhão n.º 28 e Major Fiscal da Guarda Nacional de Lavras. O casal teve 12 filhos. Proprietária rural em Lavras, possuía também prédios residenciais na sede da Vila e em Fortaleza, gado e negros que lhe serviam como escravos.

Viúva ainda cedo, sozinha educaria os filhos através de rígido sistema, nos moldes da época. Gostava dos trabalhos de fiar e rendar varandas de rede, nas horas quando livre das fainas rurais. Era católica, dedicada ao Ofício de Nossa Senhora. Construíra no Tatu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição.

Fideralina participou ativamente da vida política do Ceará, elevando alguns de seus filhos a postos importantes, no município de Lavras e no Estado. Dentre esses, Gustavo Augusto Lima, o meu bisavô, chegaria à Presidência da Assembleia Legislativa, cargo que desempenhava quando foi assassinado, no ano de 1923, na Praça do Ferreira, em Fortaleza, por conta de retaliação a morte ocorrida em luta da qual participaram membros da família no ano anterior.

Vítima de febre, Fideralina Augusto Lima faleceria no dia 16 de janeiro de 1919, no Sítio Tatu, em Lavras da Mangabeira CE.

Vistas as ações austeras e intempestivas que empreendera, deixou na história a legenda de matriarca carrancista que as tradições familiares e dos conterrâneos insistem preservar, herança rude dos tempos áridos que cruzou com dignidade, ora inspiração a livros e poemas consagrados pelo Sertão nordestino.

Um comentário:

  1. Procurando o Seminário Episcopal do Crato, onde foi aluno da 1ª turma de seminaristas meu tio-avô Manuel de Oliveira Paiva (o escritor), cheguei ao seu blog. Dei um passeio e parei aqui (também conto histórias de minha família).

    Gostei, já me instalei e voltar...até porque, também adoro TEATRO...

    Um abraço,
    da Lúcia

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