O anúncio foi feito pelo Bispo de Crato, Dom Magnus Henrique Lopes. E foi recebido pelos fiéis, presentes à missa campal, em memória do Padre Cícero – em Juazeiro do Norte, no último dia 20 de agosto de 2022 – em meio às palmas, espocar de fogos, toque de sinos nos campanários e lágrimas, muitas lágrimas de alegria, por parte da multidão. Transformava-se em realidade um sonho guardado no recôndito dos corações dos devotos residentes na Nação Romeira, vasto território que se espalha pelo Nordeste brasileiro. Afinal, a Santa Sé – com a aprovação do Papa Francisco – autorizava o início do Processo de Beatificação do Padre Cícero Romão Batista.
Este sacerdote católico foi em vida – e continua sendo depois da sua morte, há quase noventa anos –, a personalidade mais venerada pelas populações do Nordeste brasileiro. Dentre as personalidades nascidas no Cariri, Padre Cícero tornou-se a mais conhecida em todo o Brasil. Para os seus afilhados humildes e pobres, espalhados pelos territórios da zona da mata, agreste e sertão e, em menor escala, noutras regiões do Brasil, ele é o “Meu Padim Ciço”. Aquele a quem os fiéis católicos podem recorrer nos momentos de sofrimentos e dificuldades. Para esta porção do Povo de Deus, Padre Cícero é o “Santo dos Pobres”, o “referencial” presente da Boa Nova que Jesus Cristo anunciou à humanidade, nos anos que esteve encarnado aqui na Terra, através dos seus ensinamentos, atos e parábolas.O Papa Francisco não apenas veio ao encontro de um anseio de muitas gerações de nordestinos. Fez mais. Oficializou, num gesto concreto, o reconhecimento da santidade de Padre Cícero. Ratificou uma carta, enviada à Diocese de Crato em 2015, assinada pelo Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, onde consta o parágrafo abaixo:
“É inegável que o
Padre Cícero Romão Batista, no arco de sua existência, viveu uma fé
simples, em sintonia com o seu povo e, por isso mesmo, desde o início,
foi compreendido e amado por este mesmo povo. A sua visão perspicaz, ao
valorizar a piedade popular da época, deu origem ao fenômeno das
peregrinações, que se prolonga até hoje, sem diminuição tanto no número
como no entusiasmo das multidões que acorrem, anualmente, a Juazeiro.
Essa amada Diocese tem procurado incorporar este movimento popular com
um grande esforço de evangelização, orientando-o para o Cristo redentor
do ser humano. Integrando seu aspecto popular e devocional em uma
catequese renovada, fortalece e anima o romeiro em sua vida cotidiana,
tornando-o sempre mais consciente do seu batismo e ajudando-o a viver
sua vocação específica de cristão no mundo”.
E, a partir de agora, o Padre Cícero Romão Batista passará a ser
chamado de “Servo de Deus”, título que a Igreja Católica dá a uma pessoa
cujo processo de canonização foi oficialmente aberto.