O Prof. João Teófilo Pierre lançou neste dia 6 de fevereiro de 2020, o seu 22º livro, "A cidade dos meus sonhos". A solenidade ocorreu no Instituto Cultural do Cariri, e a apresentação foi feita pelo Prof. Armando Lopes Rafael. Confira abaixo a apresentação.
Meses atrás, João Teófilo Pierre enviou-me e-mail, pedindo que eu escrevesse o prefácio deste seu livro “Cidade dos meus Sonhos”. Honrado pela escolha, fi-lo com alegria. Naquele prefácio – que vocês poderão ler a partir da página 17, do mencionado livro – escrevi apenas o ritual costumeiramente exigido para um prefácio: as explicações resumidas sobre conteúdo do livro; seus objetivos; além de comentários sobre a produção literária do autor.
Agora, convocado a fazer – para esta seleta plateia – a apresentação da mesma obra, creio que devo acrescentar breves considerações adicionais sobre o Prof. João Pierre. Admiro nele a missão que se autoimpôs: elevar e divulgar o nome de Crato, quando as oportunidades surgem. E isso não vem de agora. Há cerca de 50 anos, e para citar um único trabalho dele, à época Secretário Municipal de Cultura, João Pierre – remontando visões de passado e antevendo as do futuro – tornou realidade o Museu de Artes Vicente Leite, instituição que – até dez anos atrás – era o orgulho desta Cidade de Frei Carlos. Portanto, o Prof, João Pierre aqui se apresenta portando experiências de vida, bem como serviços prestados a esta comunidade.
Relembro que João Teófilo Pierre é um homem viajado. O conhecimento de novas sociedades, com suas visões de vida, proporcionou-lhe vislumbrar novos horizontes para Crato. Ainda jovem, João Pierre foi enviado para estudar em Roma, a Cidade Eterna. Lá ele viveu alguns anos. Não conheço ninguém que tendo conhecido Roma não fique apaixonado, pelo resto da vida, por aquela cidade.
No entanto, foi outra a cidade que arrebatou o coração de João Pierre. Sua paixão intensa (que perdura da juventude aos dias atuais), é por um pequeno centro urbano, localizado no interior do Ceará. Sim, este mesmo que os nossos primeiros professores nos ensinaram a exaltar como “A flor da terra do sol; o berço esplêndido dos guerreiros da "Tribo Cariri". Pois é esta mesma comunidade, também denominada de “Cratinho de Açúcar”, pelas pessoas simples das periferias e do supedâneo da Chapada do Araripe. (Outro dia me adverti de que, nos meus tempos de criança, essa gente simples e boa, a que me referi, era chamada pela carinhosa expressão de “povinho”. Hoje, pela força da mídia, pouco confiável, diga-se de passagem, aquela expressão “povinho” foi transmudada para a grosseira palavra “povão”).
João Pierre nos ensinou – já há algum tempo – várias lições de vida. Uma delas, a de que somos criadores da nossa própria história. Atraímos muita coisa para inserir na nossa própria vida. Se nos caminhos percorridos você encontra algo maravilhoso, ou se acha que à sua volta há muita coisa boa, será isso que você colherá nos seus dias de vida.
Permitam-me ler um trechinho, bem pequeno, do livro: “Histórias para aquecer o coração”, de Jack Canfield, onde ele transcreve uma historinha contada por Willy McNamara”
“Um viajante, ao se aproximar de uma cidade grande, perguntou a uma mulher sentada à beira da estrada:
– Como são as pessoas nessa cidade?
(A mulher perguntou)
– Como são as pessoas no lugar de onde você vem?
– Uma gente horrível – respondeu o viajante. – Pessoas egoístas, em quem não se pode confiar, detestáveis sob todos os aspectos.
– Ah – disse a mulher –, você vai achar o mesmo tipo de gente por aqui.
O homem mal tinha se afastado quando outro viajante parou e fez à mulher a mesma pergunta, curioso sobre os habitantes da cidade.
Mais uma vez, a mulher quis saber como eram os habitantes da cidade de onde vinha o homem.
– Pessoas boas, honestas, trabalhadoras e compreensivas com os outros e com elas mesmas – respondeu o segundo viajante.
A sábia mulher retrucou:
– Pois é esse mesmo tipo de gente que você vai encontrar por aqui”.
(Até aqui palavras de Willy McNamara).
Mas voltemos aos sentimentos nobres do Prof. João. Admira-nos como ele mantém um amor fiel a Crato. Talvez por ser a terra dos seus “primeiros alumbramentos”, utilizando essa expressão usada por Manuel Bandeira, para exaltar a cidade de Recife, cortada pelos rios, sob um céu líquido de azul.
É tocante o amor que João Pierre tem pelo Crato. A palavra amor é velha; o sentimento, mais velho ainda. E embora desgastada pelo uso, e pela mentalidade coletiva dos tempos atuais, o amor é, no entanto, a palavra mais adequada para definirmos o sentimento que habita no coração de João Pierre, por tudo que ele faz pelo Crato.
A exaltação de João Teófilo Pierre a nossa cidade é a temática recorrente de sua já vasta produção literária. Um amor também presente nos pronunciamentos que ele fez e continua fazendo, bem como nas suas ações mais corriqueiras. Ainda hoje, ele mantém sua casa na Rua Carolino Sucupira, onde gosta de sentir a alegria de abri-la, observa-la, e, em seguida, fechá-la, num ritual que sempre faz quando vem a Crato.
Uma rotina como a marcar sua conduta de cidadão e do homem público que foi, quando exerceu os cargos de secretário municipal e vice-prefeito de Crato, nos anos da década 70. Corroborando ser verdade aquela frase da Bíblia – constante do Evangelho de Mateus – de que “A boca fala do que está cheio o coração.”
Esses bons e nobres sentimentos, tornaram-se uma característica marcante da personalidade de João Teófilo Pierre. E ele sabe repassar, com simplicidade e profundidade, tudo o que lhe vai no coração.
Ainda bem que João teve consciência e sensibilidade de saber que as boas palavras e os bons sentimentos não devem ser trancados dentro de si. Antes, devem ser regados para florir. E, depois de floridos, devem ser socializados com a comunidade, visando unicamente o bem desta. Sem buscar reconhecimento em troca; sem alimentar vaidades efêmeras, nem se preocupar em ouvir louvaminhas, as quais nem sempre são sinceras. João Teófilo Pierre ministra essa liturgia da cidadania, e isso lhe faz feliz.
Continue assim, professor! Seu sermão silencioso tem observadores e, quiçá, terá seguidores neste seu sentimento afetivo e cívico por sua cidade. E para encerrar, faço minhas as palavras de Júlio Aukav, que caem como uma luva no agir do Prof. João Pierre:
“Seja idealista nos seus sonhos, continue buscando o que realmente lhe faz feliz. Tenha paz em sentimentos na plenitude que honre a razão. Seja luz numa estrada escura. Seja sol num dia sereno. Seja infinito no amanhecer de um dia especial. Tenha certeza de que são as paixões que movem o mundo e não os interesses materiais. Pois somente o amor ilumina um coração puro e idealista”.
Honra ao mérito! Honra ao nobre professor João Teófilo Pierre.